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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PARA LEMBRAR DAS LEITURAS DA UFPA


AMOR DE PERDIÇÃO
Simão Botelho e Teresa de Albuquerque pertecem a famílias distintas, que se odeiam. Moradores de casas vizinhas, em Viseu, acabam por se apaixonar e manter um namoro silencioso através das janelas próximas. Ambas as famílias, desconfiadas, fazem de tudo para combater a união amorosa. Tadeu de Albuquerque (o pai de Teresa), após recorrentes tentativas de casar sua filha a um primo acaba por interná-la num convento. Após luta travada com os criados do primo de Teresa, Simão Botelho permanece na casa de um ferreiro devedor de favores ao seu pai. A filha do ferreiro, Mariana, acaba também por se apaixonar por Simão, constituindo um triângulo amoroso. Teresa e Simão mantêm contacto por cartas. Este, numa tentativa de resgatar Teresa do convento, acaba por balear o primo de Teresa, Baltasar, e é condenado à forca. Mais tarde, as influências de seu pai, antigo corregedor, irão mudar a pena para dez anos de degredo na Índia. Ao embarcar, vê Teresa, que morre tuberculosa. Nove dias depois, doente, Simão acaba por morrer também, e no momento em que vão lançar o corpo ao mar, Mariana, filha do ferreiro, lança-se ao mar

CINCO MINUTOS
A obra é escrita na forma de carta a uma prima do autor, D..., relatando seu amor por uma jovem, Carlota, nome o qual só é revelado nos últimos capítulos do livro.
Inicia-se a história, no Rio de Janeiro, quando o narrador perde o ônibus por um atraso de cinco minutos e é obrigado a pegar o próximo. Senta-se ao lado de uma mulher. Apaixona-se por ela, mas não vê seu rosto e teme que a mulher seja feia; ela parte pedindo que não a esqueça, mas ele a perde. Depois de um mês tentando descobrir quem é a amada, a encontra numa ópera (La Traviata, deGiuseppe Verdi), declara-se mas ela foge deixando um lenço cheio de lágrimas.
Depois de outros desencontros, finalmente o narrador conhece a mulher e declara-se. Por carta, ela revela que já o observava nos bailes, amava-o há tempos mas não podiam ficar juntos porque ela tinha uma doença incurável. Nesta mesma carta diz: Parti hoje para Petrópolis, sem previnir-te, e coloquei entre nós o espaço de vinte e quatro horas e uma distância de muitas léguas. No dia seguinte ela partiria para Europa junto de sua mãe. Ela pede ao narrador para que, com tranqüilidade, fosse até ela, se quisesse viver esse amor, mesmo com ela doente.
O narrador faz de tudo para ir atrás da sua amada e enfrenta diversos contratempos. Durante essa travessia, cita seu arrependimento por não ter tido a calma que Carlota recomendara: Pensava então que teria sido mais prudente esperar o dia seguinte e fazer uma viagem breve e rápida, do que sujeitar-me a mil contratempos e mil embaraços, que no fim de contas nada adiantavam.
De barco, se dirigiam à Glória, onde, por ser mais próximo da casa de Carlota, pretendia desembarcar. Porém quando passava diante da Ilha de Villegagnon, se viu diante do paquete inglês que estava a partir. Ele e Carlota deram um longo olhar. O narrador partiria no próximo paquete. Em todos os portos e lugares por onde o narrador passava haveria um bilhete de Carlota, que estava o esperando.
Se encontram enfim. Passam dez dias na Europa; à beira da morte, Carlota pede um beijo e no exato instante em que se beijam, por milagre, a moça se reanima e vive. Passam um ano na Europa, onde casam e montam casa num lugar retirado de Minas, numa provinciazinha.
JUIZ DE PAZ DA ROÇA
A peça passa-se na roça e aborda com humor o jeito particular de ser da gente roceira do Brasil do século XIX, focando as cenas em torno de uma família da roça e do cotidiano de um juiz de paz neste ambiente e explorando uma série de situações em que transbordam a simplicidade e inocência daquelas pessoas.
Na comédia, o juiz de paz é um pequeno corrupto que usa a autoridade e inteligência para lidar (e suportar) com a absurda inocência dos roceiros, que lhe trazem os mais cômicos casos. O escrivão aparece como servo mais próximo do juiz e viabiliza suas ordens; no entanto, não é intencionalmente corrupto e chega a surpreender-se com algumas decisões de seu superior. A família de Manoel João (incluindo o negro Agostinho) mais José da Fonseca formam o núcleo mais importante da peça. Os outros personagens são roceiros que servem para apresentar ao juiz de paz as esdrúxulas situações que ele deve resolver.

JOSÉ MATIAS
Seguindo a temática da degeneração da mulher, bem como a crítica ao comportamento romântico, Eça de Queiroz estabelece no conto José Matias uma linha divisória entre o real palpável e o universo fantasioso de um homem que se vê tomado pelo amor platônico (típico comportamento romântico byroniano).O texto segue uma estrutura de falso diálogo entre o narrador e um seu amigo. Falso diálogo porque o narrador monologa com o seu provável interlocutor no espaço de tempo que corresponde à espera da passagem e o acompanhamento do enterro de José Matias, um homem íntegro, rico e respeitado em Lisboa, que se viu apaixonado pela bela senhora Elisa Miranda, casada com o Conselheiro Matos Miranda (60 anos, diabético). Sempre que possível, José Matias trocava olhares com Elisa através da vidraça da casa daquela que, para ele, era uma deusa intocável, distante e que deveria permanecer assim: intocável e distante que deveria permanecer assim: intocável e distante. Dez anos se passaram sem que a adoração de José Matias o forçasse a tomar uma atitude mais ousada do que uma simples conversa ou troca de olhares desejosos de ambas as partes. O velho Matos, debilitado pela diabetes, morreu com pneumonia. Parecia estar aberto oficialmente o caminho para que Matias se aproximasse de vez daquela que tanto lhe correspondeu aos olhares e conversas graciosas, mas não. Ela praticamente oferecera-se em casamento a ele e foi rejeitada. O homem parecia adorar a alma de Elisa.
Ele mesmo não se permitia mais do que isto. Elisa herdara do ex-marido uma grande soma em dinheiro (dez ou doze contos de renda). José Matias viajou para Porto e os amigos acreditavam ser uma estratégia para que os tempos de luto pesado da viúva passassem para se verificar o desenlace... Em vão pensaram assim. Matias fora para o Porto e de lá não arredara mais o pé para Lisboa. Soube-se através do jornal que Elisa iria casar-se com o Sr. Francisco Torres Nogueira. Casou com Torres Nogueira, que padecia de anasarca [espécie de tumor que se dissemina pelo corpo, levando a vítima à morte], e foram morar na mesma casa da ex-viúva. Matias voltou à sua casa, em Lisboa, de onde podia contemplar a janela de Elisa, e voltou a trocar olhares com a mulher. Torres Nogueira passava a maior parte de seu tempo vindimando em Carcavelos, sua ausência fazia da bela mulher um alvo fácil para os certeiros e correspondidos olhares de Matias. Mais sete anos de adoração se passaram. Soube-se na cidade que Torres Nogueira estava morrendo com uma anasarca. Outra vez Elisa fica viúva. José Matias outra vez desaparece. E agora, afeito à jogatina e à bebida desregrada, vivia uma vida de ostracismo e desencanto – cabelos desgrenhados, roupas descuidadas. Após a morte do segundo marido
Elisa recolheu-se em uma quinta de uma cunhada também viúva em Beja [cidade ao sul de Portugal]. Foi lá que o narrador encontrara, cerca de um ano depois, a bela Elisa numa casa nova, dando comida a um canário.
Ficou sabendo também que ela arranjara um amante, apontador de Obras Públicas: um homem casado com uma espanhola, que após um ano do matrimônio partiu para Sevilha, onde caíra nos braços de um rico criador de gado. Quanto ao José Matias... mudara-se para Beja e passava os dias seguindo o amante de Elisa e as noites fumando e bebendo defronte da janela da casa de sua “deusa” durante os três últimos anos de sua vida, quando fora encontrado, à frente da janela da casa de Elisa com a morte estampada em seus olhos: congestão pulmonar.
ALIENISTA
Simão Bacamarte é o protagonista, médico conceituado em Portugal e na Espanha, decide enveredar-se pelo campo da psiquiatria e inicia um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Se instalou em Itaguaí,onde Funda a Casa Verde, um hospício e abastece-o de cobaias humanas, para as suas pequisas. Passa a internar todas as pessoas da cidade que ele julgue loucas; o vaidoso, o bajulador, a supersticiosa, a indecisa, etc. Costa, rapaz pródigo que dissipou seus bens em empréstimos infelizes, foi preso por mentecapto. A prima de Costa que intercedeu pelo sobrinho também foi trancafiada. O mesmo acontece com o poeta Martim Brito, amante das metáforas, internado por que se referiu ao Marquês de Pombal como o dragão aspérrimo do Nada. Nem D. Evarista, esposa do Alienista escapou: indecisa entre ir a uma festa com o colar de granada ou o de safira. O boticário, os inocentes aficcionados em enigmas e charadas, todos eram loucos. No começo a vila de Itaguaí aplaudiu a atuação do Alienista, mas os exageros de Simão Bacamarte ocasionaram um motim popular, a rebelião das canjicas, liderados pelo ambicioso barbeiro Porfírio. Porfírio acaba vitorioso, mas em seguida compreende a necessidade da Casa Verde e alia-se a Simão Bacamarte. Há uma intervenção militar e os revoltosos são trancafiados no hospício e o alienista recupera seu prestígio. Entretanto Simão Bacamarte chega á conclusão de que quatro quintos da população internada eram casos a repensar. Inverte o critério de reclusão psiquiátrico e recolhe a minoria: os simples, os leais, os desprendidos e os sinceros. O alienista contudo, imbuído de seu rigor científico percebe que os germes do desequilíbrio prosperam porque já estavam latentes em todos. Analisando bem, Bacamarte verifica que ele próprio é o único sadio e reto. Por isso o sábio internou-se no casarão da Casa Verde, onde morreu dezessete meses depois. Apesar do boato de que ele seria o único louco de Itaguaí, recebeu honras póstumas.
Indiscultivelmente o único demente do conto realista é Simão Bacamarte. Ele é o louco de Itaguaí e quer prender os outros para usa-los como cobaia nas suas experiencias, logo o casarão da Casa Verde se torna um hospício.
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CONTOS AMAZÔNICOS
Em termos de linguagem literária,  cabe observar o brilhantismo com que Inglês de Souza maneja o gênero conto. Em especial aqueles que se situam no terreno da literatura fantástica, como ""Acauã". Neste conto o autor soube elaborar literariamente personagens e situações sobrenaturais extraídas do folclore ou do imaginário popular regional, criando narrativas que, além do final surpreendente, têm um clima denso e assustador.( destaque para Vitória e sua dominação sobre Aninha)
Mas também têm o mesmo impacto os outros contos do livro, que abordam temas ligados à história do Brasil e denunciam o descaso do governo nacional, do Império e da primeira República, com a região amazônica. "O voluntário", por exemplo, revela como eram recrutados "a pau e corda" os "voluntários da pátria" durante a Guerra do Paraguai.Discute-se todo o autoritarismo e repressão representados pelo recrutador Fabricio que leva Pedro como “ voluntário “ ( por livre e espontânea pressão ) para a Guerra do Paraguai.
Destaque também dado a uma reflexão sobre as leis do País , porque Pedro legalmente não poderia ser levado para a Guerra
Finalmente, "Quadrilha de Jaco Patacho" –que - tematiza a revolta da Cabanagem, ocorrida no Pará entre 1835 e 1840, dando ênfase a violência e desvios da essência do movimento , representados por bandos como o de Manuel Saraiva que invade a propriedade de Felix Salvaterra e amedronta Anica, causando ao final uma barbárie , matando todos os homens da casa e levando as mulheres com o grupo de Patacho

MIGUILIM                                           Campo Geral
A narrativa de Campo geral começa quando Miguilim é levado por Tio Terez para ser crismado. O menino tem 8 anos e nunca saiu do Mutum, afora pequenas mudanças que fez quando ainda muito pequeno. Desta viagem, a lembrança mais nítida será de um comentário ouvido sobre a beleza de Mutum. Profundamente impressionado com esta referência, Miguilim não vê a hora de contá-la à mãe, Nhanina, sempre triste de ali viver .
Ao chegar em casa, vai tão aflito procurar a mãe, que acaba desgostando a seu pai e recebe castigo: não o acompanha juntamente com os irmãos na pescaria de domingo. Em contrapartida, aprende a fazer arapuca para pegar passarinho com o Tio Terez.
A rotina da casa inclui os brinquedos de Miguilim com seus irmãos  por ordem de idade, Drelina, Dito, Chica, Tomezinho.  Há também outro irmão, Liovaldo, mais velho que Miguilim, o único que não mora com a família. Na cozinha, a mãe e as empregadas, Rosa, Maria Pretinha e Mãitina, preparam as comidas. Nas cercanias, vivem os diversos cachorros da família. Havia uma cadela, a Pingo-de-Ouro, a que Miguilim era especialmente apegado, mas que foi dada pelo pai a tropeiros de pernoite no Mutum _ _ .
A descoberta de que Nhanina e Tio Terez tinham um caso causa grande confusão. O pai bate na mãe, Miguilim tenta interrompê-lo  e termina sendo castigado _ . Vovó Izidra, sua tia-avó, é quem toma a iniciativa de expulsar Tio Terez de casa, xingando-o de Caim _ _ . Nesta noite, uma grande tempestade faz Dito e Miguilim conversarem sobre o medo da morte. Para acalmar a todos, Vovó Izidra puxa uma reza.
No dia seguinte, Seo Deográcias, entendido de remédios, foi com o filho, Patori, visitá-los. Queria, na verdade, pegar emprestado alguns mantimentos e cobrar um dinheiro, mas aproveita para aconselhar sobre a saúde de Miguilim, que a todos parecia frágil.
Aos poucos, Miguilim começa a cismar que vai morrer. Faz uma promessa a Deus: se ele não morresse nos próximos dias, não morreria mais. Enquanto isso, se compromete a rezar uma novena. Contudo, os dias passam, ele não principia a novena e vai ficando cada vez mais ansioso. Começa então a rever vários momentos e se recorda da habilidade de Dito em se comportar de modo que não desagrade o Pai, da curiosidade que Patori lhe despertou sobre sexo, do aconchego que sentia em criança de ficar nos braços de Mãitina. No derradeiro dia, nem da cama ele quer sair. E até Seo Aristeu, outro curandeiro da região, vir vê-lo, Miguilim não pode acreditar em outra coisa que não fosse a morte chegando. Temia estar tísico, mas Seo Aristeu logo foi explicando no seu jeito alegre de falar que essa doença não dava por aquela parte dos Gerais.
O pai então toma uma decisão: a partir do próximo dia, Miguilim irá levar-lhe comida na roça onde trabalhava. O menino fica muito feliz de se sentir útil _ . Quando foi cumprir a tarefa pela primeira vez, Tio Terez aparece no caminho e pede ao sobrinho um favor: entregar um bilhete a Nhanina   _ . O pedaço de papel no bolso põe Miguilim num grande embate interior: o que seria mais certo fazer? Sem contar o motivo, consulta todos sobre o que é certo ou errado  _ . Como sempre, é com Dito que Miguilim vai se orientar, tentando pedir explicações que o irmão, apesar de menor, parece sempre conhecer.
Depois de uma tarde e de uma noite de dúvidas, Miguilim só resolve em frente ao Tio Terez o que fazer: diz a verdade e devolve o bilhete. O Tio então se dá conta em que horrível posição colocara o sobrinho e se desculpa. Ainda atordoado, Miguilim deixa que os macacos roubem a comida do tabuleiro. O pai se diverte com a história, dando a sensação em Miguilim de ser amado.
Com a chegada de Luisaltino, novo parceiro de trabalho de Nhô Bero, vem a notícia de que Patori assassinou um rapaz e está foragido. Patori acaba morrendo de fome, e Nhô Bero larga tudo para prestar solidariedade a Seo Deográcias, que se desesperava com a perda do filho. Mas o que mais agradou a Miguilim foi que Luisaltino traz consigo um papagaio, o Papaco-o-Paco.
Uma manhã, depois de ter ido espiar uma coruja, Dito pisa num caco de pote e corta o pé _ . O tétano toma conta do menino e, em poucos dias, ele morre _ . Miguilim se desespera e esse intenso sofrimento parece não passar nunca. Mãitina tem uma idéia que o ajuda a enfrentar a dor: juntou roupas e brinquedos de Dito e alguns guardados seus e enterrou tudo no quintal, marcando depois o lugar com pedrinhas lavadas do rio
Para tirá-lo dessa tristeza, Nhô Bero resolve pô-lo para trabalhar: começa a debulhar milho, capinar a horta, buscar cavalo no pasto. Miguilim não acha ruim trabalhar, mas não vê alegria em nada. Para complicar, dias depois chegam Tio Osmundo e o irmão Liovaldo.
O Tio não simpatiza com Miguilim e Liovaldo começa a provocá-lo. Até que Liovaldo faz pequenas maldades com o menino Grivo e Miguilim, indignado, acaba partindo para a briga _ . Nhô Bero fica tão furioso que dá uma sova de correia no menino. Miguilim sente tanto ódio do pai que nem chora: só pensa em crescer e matá-lo. Nhanina, para abrandar a situação, manda Miguilim se hospedar na casa do vaqueiro Saluz por três dias. Na volta, Miguilim não pede a bênção ao pai, que então se vinga, soltando os passarinhos de Miguilim e despedaçando as gaiolas. Miguilim por sua vez extravasa sua raiva, quebrando os próprios brinquedos
Quando o Tio e o irmão vão embora, Miguilim pela primeira vez se alegra com a possibilidade de um dia ser ele a partir. Com esta idéia na cabeça começa a se reanimar, a repassar tudo que aprendera com Dito, mas termina por adoecer, o que desespera Nhô Bero _ . Durante a sua convalescença, uma tragédia se precipita: Nhô Bero descobre que Luisaltino o traía com sua mulher; mata o ajudante e, em seguida, se suicida.
Seo Aristeu tenta animar Miguilim. Nhanina conta sua intenção de casar com Tio Terez, que a esta altura já está de volta. Miguilim, ainda abatido com a doença e com todos os acontecimentos, vê chegar dois homens a cavalo. Um deles logo repara no jeito de Miguilim olhar, com os olhos apertados. O grupo vai para a casa e Miguilim é examinado até que o homem, doutor José Lourenço, do Curvelo, chega a um diagnóstico: vista curta _ . Tira os próprios óculos e empresta ao menino, que nem pode acreditar em tudo que se revelou a sua frente .
O doutor se oferece para levar Miguilim para a cidade: providenciaria os óculos e poria Miguilim para estudar. Miguilim aceita o convite e se prepara para ir embora na manhã seguinte. Mas, antes de partir, pede de novo os óculos. Quer levar consigo uma imagem nítida da família e do Mutum, que, agora ele via, era realmente bonito

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

DICAS PARA A UEPA 3

DICAS SOBRE AS LEITURAS DA UEPA - III FASE




RELAÇÕES ENTRE
AS LEITURAS DA UEPA



O Homem e a sua
perda de valores


 Vidas Secas
Apresenta a marginalização do homem , com o enfoque dado à animalização do ser humano , compondo através de Fabiano e sua família este aspecto degradante
Esta degradação do homem em Vidas Secas é algo motivado não apenas pela seca mas por forças opressoras que são sociais , políticas , históricas ( lembre dos personagens que ilustram metáforas do Estado Novo – o fazendeiro , o fiscal da prefeitura e soldado amarelo )


 Vestido de Noiva

Nelson Rodrigues revela em sua obra também a degradação do homem a partir da hipocrisia e do falso moralismo presente na família de Alaíde . Os mesmos pais que se preocupam com a imagem da casa recém comprada , e que resolvem purgar o pecado da casa queimando roupas que lembrassem o passado do bordel, são os mesmos pais que nada fazem diante do conflito das irmãs e do roubo de namorado e casamento entre Alaíde e Pedro

Temos também o jogo de interesses que conduz a relação entre as pessoas ( Pedro é alvo de interesse das duas irmãs e dos pais , pois é o rapaz que tem o status social , e assim os três – Alaíde , Lúcia e Pedro se integram numa relação hipócrita de afirmação e interesses particulares. Alaíde quer mostrar que pode ter quem quer e assim se afirmar diante da irmã com quem rivaliza sempre, Lúcia tem uma relação cômoda e de interesse social com Pedro e este casa com Alaíde só pra tirar sua virgindade )


Contos de Miguel Torga


Natal


O Homem e a sociedade mostrando a falta de solidariedade diante de Garrinchas, além da postura religiosa do homem questionada por Torga faz pensarmos o quanto o homem moderno está perdendo sua essência


Confissão


O homem moderno ( Reinaldo )que movido por mesquinharias e orgulhos consegue agredir e destruir a vida de alguém ( Bernardo ), premeditando um crime e deixando-o injustamente ser acusado de algo que não fez.


O Lopo


Um trabalhador ( Lopo ) ,que ao ser injustiçado,revida com mais violência e perde a dimensão humana ao matar o semelhante ( Casimiro )


Ironias nas obras

Vestido de Noiva

Começamos a perceber a ironia a partir do título , pois vestido de noiva simboliza a pureza , o romantismo do valor do casamento , e as uniões estabelecidas por Alaíde e Lúcia estão distantes deste conceito
Uma outra ironia interessante , é o conceito do Amo r na obra, pois ironicamente o amor de verdade acontece no bordel quando o rapaz se apaixona por Madame Clessi e isto motiva o crime passional da obra. Nos casamentos não podemos afirmar que o amor conduz as uniões


Vidas Secas

Da mesma forma que é notória a animalização de Fabiano , curioso e irônico é perceber seu orgulho em alguns momentos em ser como um animal. Quando se vê como um boi ou cavalo , vangloria-se de ser sinônimo de força e trabalho.


Natal

Ironias no comportamento dos moradores da cidade de Lourosa ( tendo como referência o status da cidade de ser religiosa e de ser época de Natal. )
Interessante também , ser o Garrinchas o formador do valor de família no texto , logo ele , sempre sozinho em sua jornada de vida ; além da maior riqueza humana neste texto estar depositada em Garrinchas , principalmente quando de suas atitudes finais diante da imagem da Mãe de Deus

O Lopo

O personagem Lopo passa da condição de marginalizado para o papel de marginal quando resolve fazer justiça com as próprias mãos.

domingo, 28 de novembro de 2010

COMENTÁRIO PROVA UEPA PRISE 1 PROSEL 1

Como poeta satírico, Gregório de Matos Guerra
denunciou a ação da metrópole que, atuando
sobre os recursos naturais da colônia, a
impedia de usufruir livremente de suas próprias
riquezas. Tal política muitas vezes acarretou
consequências adversas à vida socieconômica
colonial. Marque a alternativa em que os versos
confirmam essa afirmação.


a Perca quanto ganhar nas mercancias;
e em que perca o alheio, esteja mudo.
b Ande sempre na caça e montaria:
Dê nova locução, novo epíteto;
E diga-o sem propósito à porfia
c Atrás um negro, um cego, um mameluco,
Três lotes de rapazes gritadores:
É a procissão de cinza em Pernambuco.
d Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
e Só sei que deste Adão de Massapé,
Procedem os fidalgos desta terra.


a letra D assinala a idéia crítica em torno da exploração do ciclo econômico do açucar. Gregório se posiciona diante  do poder da metropole sobre a colônia.

Discutimos isso em uma apostila onde relacionei um texto do Cazuza ( Brasil ) com um outro que falava da Bahia que já tinha sido rica e agora vivia na pobreza em função da exploração.



2
Todalas aves do mundo d’amor cantavan;
do meu amor e do voss’ i enmentavan:
leda m’and’eu!
[...]
Do meu amor e do voss' i enmentavan;
vós lhi tolhestes os ramos en que pousavam:
leda m'and'eu!
Vós lhi tolhestes os ramos en que siian
e lhi secastes as fontes en que bevian:
leda m'and'eu!
Vós lhi tolhestes os ramos en que pousavam
e lhi secastes as fontes u se banhavan:
leda m'and'eu!.
Nuno Fernandes Torneol








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Todas as aves do mundo de amor [cantavam;
do meu amor e do vosso ali recordavam:
como ando feliz!
[...]
Do meu amor e do vosso ali lembravam
vós lhes tolhestes os ramos em que pousavam:
como ando feliz!
Vós lhes tolhestes os ramos em que ficavam
e lhes secastes as fontes em que bebiam
como ando feliz!
Vós lhes tolhestes os ramos em que
[pousavam
e lhes secastes as fontes onde se banhavam
como ando feliz!
Livre adaptação

Os trovadores, muitas vezes, relacionam os estados emocionais com representações da Natureza, sendo a
paisagem, muitas vezes, uma extensão das experiências sentimentais. A este propósito marque a
alternativa correta considerando as estrofes acima.
a O cantar dos pássaros é associado ao enfraquecimento do amor.
b A paisagem é mencionada pelo eu feminino com certa indiferença.
c Há pouca referência a elementos naturais.
d As imagens de degradação ambiental sugerem que o amor permanece sempre o mesmo.
e As mudanças na paisagem sugerem um progressivo desgaste do amor.


alternativa E assinala a interpretação que diz respeito a perda de valores dos elementos da natureza decorrentes do desgaste amoroso


OPINIÃO DO PROFESSOR _ A questão envolvendo o assunto TROVADORISMO poderia ter sido melhor trabalhada.


3

No século XVI, em que Camões viveu, quando
não se falava ainda de poluição dos lençóis
freáticos, era possível às pessoas retirarem
diretamente do meio ambiente a água potável
para consumir. Leia os versos do poeta abaixo
transcritos e identifique aqueles que podem ser
corretamente associados ao fato referido no
início deste comando.

a Com a água que cai
Daquela espessura,
Outra se mistura
Que dos olhos sai.
b Bem são rios estas águas
Com que banho este papel;
c O campo floresça,
Murmurem as águas,
Tudo me entristeça,
Cresçam minhas mágoas.
d Descalça vai para a fonte,
Lianor pela verdura;
Vai formosa e não segura.
(...)
Leva na cabeça o pote,
Mais branca que a neve pura.
Vai formosa e não segura.
e Sempre teus olhos estão,
Camila, de águas banhados.

Alternativa D revela a idéia da água " mais branca que a neve pura " servindo ao propósito do comando da questão

4
O meio ambiente desempenha muitos papéis na
produção poética árcade. Assinale a opção em
que Bocage o utiliza para criar a atmosfera do
“locus horrendus”.

a Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
b Amargosas, mortais desconfianças,
Deixai-me sossegar alguns momentos:
c Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana:
d Olha, Marília, a flauta dos pastores.
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
e Deu meio giro a noite escura e feia.
Que profundo silêncio me rodeia,
Neste deserto bosque, à luz vedado.

a idéia da natureza " feia ", " horrenda " ( locus horrendus ) em função da emoção do pastor confere o pré-romantismo no texto e a assertiva E cabe bem ao exigido no comando



5

Assinale o comentário que pode ser associado
às relações socioeconômicas identificáveis na
farsa O Velho da Horta, de Gil Vicente.
a A mulher de Fernandeanes tem o controle
total das atitudes afetivas do marido.
b O Velho considera importante informar à
moça que não utiliza agrotóxicos em sua
horta.
c A horta, segundo a farsa, possui um
proprietário e um funcionário (o hortelão).
Na ausência do último, o próprio dono
assume as tarefas de venda.
d O trabalho nas hortas, na época de Gil
Vicente, era tão intenso que os
proprietários costumavam não respeitar os
horários das refeições.
e Para melhor distribuir sua produção, os
hortigranjeiros contam com o auxílio de
alcoviteiras, como Branca Gil, por exemplo.


Exige-se do aluno o conhecimento dos personagens da obra. Alternativa C atende ao comando


6

O senso comum dá ênfase aos poderes
afrodisíacos dos produtos naturais. Assinale o
trecho de O Velho da Horta em que temos um
exemplo disso.
a Mulher - Agora com as ervas novas
Vos tornastes garanhão.
b Velho - Ditoso é o jardim
Que está em vosso poder.
c Velho – que buscais vós cá, donzela,
Senhora, meu coração?
Moça – Vinha por vosso hortelão,
Por cheiros para a panela.
d Moça - Não vedes que andais já morto
E andais contra a natura?
Velho – Ó flor de mor formosura,
Quem vos trouxe a este meu horto?
e Moça – Uma rosa? Para quê?
Velho – porque são colhidas de vossa mão
Deixar-me-eis alguma vida,
Não isenta de paixão.


Gabarito dado pela UEPA assinala a letra A, porém o aluno pode entender " ervas novas " como a Moça que seria o " estimulante " ao comportamento enamorador do Velho. E assim o aluno fica confuso nesta questão. UEPA deve reavaliar questões que permitam uma interpretação maior


7

Na produção dos poetas árcades, o eu nem
sempre acha-se integrado ao meio ambiente
que o cerca, desfazendo a unidade com a
natureza teoricamente desejável. Leia os versos
abaixo e assinale aqueles em que Cláudio
Manuel da Costa, ao refletir sobre a relação do
eu com a natureza, demonstra isso.


a Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos.
b Onde estou, este sítio desconheço.
Quem fez tão diferente aquele prado?
c Nise, Nise, onde estás? Aonde espera
Achar-te uma alma que por ti suspira;
d Sonha em tormento d’água, o que abrasado
Na sede ardente está;(...)
e Junto desta corrente contemplando
Na triste falta estou de um bem, que adoro;


Encontramos um " estranhamento " do pastor em relação ao locus amoenus na letra B, o que torna a sua relação com o meio ( natureza ) diferente do bucolismo e integração sempre esperado nos textos árcades




Nota final do Professor


Prova que exige do aluno atenção aos detalhes e muita interpretação. O aluno que centrou seus estudos em cada tópico não teve dificuldades maiores para atingir seu objetivo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DICAS DE REDAÇÃO PARA O ENEM

Neste último dia 24 de Outubro realizei uma palestra com o Prof. Carlão com o evento voltando suas atenções para o ENEM, em particular estabelecendo dicas para a prova de REDAÇÃO.

Disponibiizo aqui trechos do material do Prof. Carlão


A DISSERTAÇÃO NO ENEM
         A proposta da redação do ENEM é um texto dissertativo.
         A dissertação é um dos três “gêneros escolares” mais exercitados no ensino médio. Trata-se de uma redação que apresenta a opinião do autor de modo direto, sem a intermediação de personagens, enredos ou de qualquer tipo de recurso que esteja além da sintaxe mais regular possível. Portanto, não seria um exagero afirmar que é, de todos, o gênero mais simples de ser concebido. Mesmo assim, a hora do exame pode ser muito incômoda para o exercício de tanta simplicidade, não é mesmo?
         Nem sempre desenvolver um texto que exponha a opinião do autor é tarefa fácil, quando esse autor dispõe de uma prova com 90 questões mais a redação e um tempo “limitadíssimo”.


(... ) algumas dicas para você:
1.    Dissertações propostas em exames nacionais, nos concursos públicos e mesmo no dia-a-dia do ensino médio querem medir a competência que o autor tem para lidar com um tema da atualidade.
2.    Essa competência diz respeito ao modo pelo qual o estudante organiza sua opinião.
3.    A opinião do estudante/autor deve evoluir com consistência durante a leitura que o avaliador fará.
4.    A consistência se adquire com argumentos razoáveis, plausíveis, aceitos pela maioria das pessoas.
5.    As propostas de redação nos vestibulares e no Enem não exigem que o candidato resolva os problemas do Brasil ou do mundo em 30 linhas e é por isso mesmo que a dissertação não deve apresentar soluções definitivas para certos temas.
6.    Redações vagas, como: “Devemos nos unir!”; Vamos reciclar o planeta!”; “A sociedade não pode mais ficar imóvel” — são lidas como ingênuas e frágeis.
7.    No lugar da “panfletagem” é melhor organizar argumentos de modo a convencer o leitor de que seu texto é coerente e suficientemente denso para levá-lo às suas próprias conclusões.


Exigências na redação do ENEM
I. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.
II. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
III. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
IV. Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para a construção da argumentação.
V. Elaborar proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

ENTÃO, O QUE FAZER...
Um bom caminho é desenvolver um plano de texto. E, para aqueles que acham que não é possível estudar para a prova de redação, segue uma orientação que demonstra o contrário.
1. Leia a proposta feita pelo Enem com todo o cuidado possível;
2. Destaque os elementos que compõem o tema proposto;
3. Elabore um breve questionamento com base nos próprios dados apresentados pela prova. Isso vai ajudá-lo, mais tarde, a compor a apresentação do tema proposto e a elaborar argumentos.
4. Lembre-se de que você não deve escrever apenas com reflexões pessoais. É muito importante estar bem acompanhado. Citações, ainda que parciais, trazem respeitabilidade para o texto.
5. Comece a arregimentar idéias que sustentem sua opinião sobre o tema. Filmes que você viu, livros que leu, conceitos, fatos que aprendeu em aulas de geografia, de história, de química, de filosofia... Relacione pensamentos, autores e obras artísticas de amplo reconhecimento

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DICAS para as provas que estão chegando

A partir desta semana teremos postagens frequentes em nosso espaço para que você possa  absorver as preciosas dicas que deixarei aqui.

Comecemos por algumas dicas para a prova da UEPA - PRISE III ( Alô galera do Convênio ! ) - PROSEL III


RELAÇÕES ENTRE
AS LEITURAS DA UEPA



O Homem e a sua
perda de valores


 Vidas Secas
Apresenta a marginalização do homem , com o enfoque dado à animalização do ser humano , compondo através de Fabiano e sua família este aspecto degradante
Esta degradação do homem em Vidas Secas é algo motivado não apenas pela seca mas por forças opressoras que são sociais , políticas , históricas ( lembre dos personagens que ilustram metáforas do Estado Novo – o fazendeiro , o fiscal da prefeitura e soldado amarelo )


 Vestido de Noiva

Nelson Rodrigues revela em sua obra também a degradação do homem a partir da hipocrisia e do falso moralismo presente na família de Alaíde . Os mesmos pais que se preocupam com a imagem da casa recém comprada , e que resolvem purgar o pecado da casa queimando roupas que lembrassem o passado do bordel, são os mesmos pais que nada fazem diante do conflito das irmãs e do roubo de namorado e casamento entre Alaíde e Pedro

Temos também o jogo de interesses que conduz a relação entre as pessoas ( Pedro é alvo de interesse das duas irmãs e dos pais , pois é o rapaz que tem o status social , e assim os três – Alaíde , Lúcia e Pedro se integram numa relação hipócrita de afirmação e interesses particulares. Alaíde quer mostrar que pode ter quem quer e assim se afirmar diante da irmã com quem rivaliza sempre, Lúcia tem uma relação cômoda e de interesse social com Pedro e este casa com Alaíde só pra tirar sua virgindade )


Contos de Miguel Torga


Natal


O Homem e a sociedade mostrando a falta de solidariedade diante de Garrinchas, além da postura religiosa do homem questionada por Torga faz pensarmos o quanto o homem moderno está perdendo sua essência


Confissão


O homem moderno ( Reinaldo )que movido por mesquinharias e orgulhos consegue agredir e destruir a vida de alguém ( Bernardo ), premeditando um crime e deixando-o injustamente ser acusado de algo que não fez.


O Lopo


Um trabalhador ( Lopo ) ,que ao ser injustiçado,revida com mais violência e perde a dimensão humana ao matar o semelhante ( Casimiro )


Ironias nas obras

Vestido de Noiva

Começamos a perceber a ironia a partir do título , pois vestido de noiva simboliza a pureza , o romantismo do valor do casamento , e as uniões estabelecidas por Alaíde e Lúcia estão distantes deste conceito
Uma outra ironia interessante , é o conceito do Amo r na obra, pois ironicamente o amor de verdade acontece no bordel quando o rapaz se apaixona por Madame Clessi e isto motiva o crime passional da obra. Nos casamentos não podemos afirmar que o amor conduz as uniões


Vidas Secas

Da mesma forma que é notória a animalização de Fabiano , curioso e irônico é perceber seu orgulho em alguns momentos em ser como um animal. Quando se vê como um boi ou cavalo , vangloria-se de ser sinônimo de força e trabalho.


Natal

Ironias no comportamento dos moradores da cidade de Lourosa ( tendo como referência o status da cidade de ser religiosa e de ser época de Natal. )
Interessante também , ser o Garrinchas o formador do valor de família no texto , logo ele , sempre sozinho em sua jornada de vida ; além da maior riqueza humana neste texto estar depositada em Garrinchas , principalmente quando de suas atitudes finais diante da imagem da Mãe de Deus

O Lopo

O personagem Lopo passa da condição de marginalizado para o papel de marginal quando resolve fazer justiça com as próprias mãos.

UFRA 2013 - MIGUILIM ( Campo Geral ) - Guimarães Rosa -

ESTILO DE ÉPOCA 
      

A originalidade da linguagem de Guimarães Rosa, a sua inventividade e criatividade configuram bem o estilo de época (pós)-modernista. Essa preocupação em fazer diferente, saindo do convencional, é, sem dúvida, uma das grandes característica do estilo de época contemporâneo. É o próprio Guimarães quem fala: "Disso resultam meus livros, escritos em um idioma próprio, meu, e pode-se deduzir daí que não me submeto à tirania da gramática e dos dicionários dos outros".
      Outra coisa que marca bem o estilo de época na obra é a capacidade revelada pelo escritor (pós)-modernista para refletir sobre problemas universais, partindo de uma realidade regional: "Nele , quanto mais - aparentemente - particularizado o tema, mais universal ele é. Quanto mais simplórios seus personagens, mais ricas sua personalidades. Assim, rudes sertanejos refletem de forma peculiar e extremamente sutil os grandes dramas metafísicos e existenciais da humanidade".
      É isto que se vê em Guimarães Rosa e outro grandes escritores na nossa Literatura: há sempre uma dimensão universal no aparentemente regional. "O sertão que vem de Guimarães Rosa não se restringe aos limites geográficos brasileiros, ainda que dele extrais a sua matéria-prima. O sertão aparece como uma forma de aprendizado sobre a vida, sobre a existência, não apenas do sertanejo, mas do homem". Como dizia o próprio Guimarães: "o sertão é o mundo".
    
 
Miguilim ( Campo Geral  )

Análise da obra
Narrativa profundamente lírica, pertencente à obra Manuelzão e Miguilim, Campo Geral traduz a habilidade de Guimarães Rosa para recriar o mundo captado pela perspectiva de uma criança. Se a infância aparece com freqüência nos textos roseanos, sempre ligada à magia de um mundo em que a sensibilidade, a emoção e o poder das palavras compõem um universo próximo ao dos poetas e dos loucos, em Miguilim, nome com que passou a ser conhecida a obra, essa temática encontra um de seus momentos mais brilhantes e comoventes.

É uma espécie de biografia de infância - que alguns críticos afirmam ter muito de autobiográfico -, centrada em Miguilim, um menino que morava com sua família no Mutum, um remoto lugarejo no sertão.

Foco narrativo

Narrado em terceira pessoa, narrador onisciente. Apesar de ser escrita em terceira pessoa, a história é filtrada unicamente pelo ponto de vista de Miguilim e, por essa razão, o mundo infantil é organizado a partir das vivências de um menino sensível, delicado, inteligente, empenhado em compreender as pessoas e as coisas. As outras personagens - a mãe, o pai, os irmãos, o tio, a avó e todos que vivem e passam pelo Mutum - aparecem misturadas às emoções e às reflexões do personagem central.

Tempo
Predomina o tempo psicológico, com o narrador captando o fluxo agitado dos pensamentos do menino Miguilim. Há um tempo que não passa, mas não há a preocupação de datá-lo com precisão como o faz. Mais importante que o tempo  é o espaço e as pessoas, com seus sentimentos e relações problemáticas.

Temática

Os temas fundamentais são a infância, o amor e a amizade, a violência e a fé. A criança é revelada como a criatura em que a hipocrisia e a maldade ainda não deitaram raízes profundas, embora algumas delas já possam apresentar no seu desenvolvimento essas características negativas. Exemplo disso pode ser visto em Patori e Liovaldo.
O par Miguilim / Dito pode ser visto como duas faces de uma mesma moeda, opostos e complementares, pois Miguilim é o que precisa aprender para saber, enquanto Dito sabe de modo imediato sem saber como. Dito é sábio e Miguilim é o aprendiz. Nesse sentido, a morte de Dito pode ser vista como uma necessidade existencial para levar Miguilim a crescer, a tornar-se maduro, independente.

Personagens

Miguilim, tem o cabelo preto como o do mãe, parece-se mais com ela. Dotado de grande sensibilidade, Miguilim demonstra ter alma de poeta. Parte de suas dificuldade revela-se mais tarde como causada por uma irritação visual.
Dito, ruivo, parecia mais com o pai, era o mais novo mas sabia ser responsável. Morreu de tétano.
Nhô Bero (Bernardo Caz), pai de Miguilim, homem rude que parece ter implicância com Miguilim, mas de quem gosta, embora não saiba expressar isso com facilidade.
Tio Terês, tio e amigo de Miguilim. Foi expulso de casa por Vó Izidra por causa da relação adúltera com Nhanina.
Tomezinho (Tomé de Jesus Casseim Caz), ruivo como o pai, menino de quatro anos, tinha mania de esconder tudo o que encontrava.
Nhanina, mãe de Miguilim, era muito bonita, não gostava do Mutum, sentia muita tristeza em ter que viver ali. Não dava muita importância para a fidelidade conjugal pois traiu o marido com o próprio irmão e depois com Luisaltino.
Vovó Izidra, se zangava com todos, não gostava que batessem em Miguilim. Vestia-se sempre de preto.
Chica, irmã de Miguilim, tinha os cabelos pretos como a mãe.
Liovaldo, irmão mais velho de Miguilim, mas não morava com a família no Mutum.
Mãitina, empregada da casa, preta velha, gostava de cachaça e cultuava rituais pagãos africanos.
Drelina, apelido da irmã mais velha de Miguilim. Seu nome era Maria Adrelina Cessim Caz. Era bonita e tinha cabelos compridos.
Patori, menino mal, filho de Deográcias, desperta a antipatia de Miguilim.
Grivo, menino muito pobre que é defendido por Miguilim quando é agredido ou humilhado por Liovaldo.
Luisaltino, último empregado contratado por Nhô Bero e por ele assassinado por ciúme, pois se tornou amante de Nhanina.
Saluz, vaqueiro de Nhô Bero. Casado com Siarlinda que sabe contar histórias.
, empregado, que foge com a empregada Maria Pretinha.
Ainda no universo da família, podemos inserir aqui os cachorros (sempre individualizados com um nome próprio), o gato Sossõe e o papagaio Papaco-o-Paco.

Para finalizar, é importante observar que, ao contrário da cidade grande onde as pessoas praticamente são anônimas, no mundo roseano tudo e todos têm um nome que os caracteriza e individualiza.



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Enredo de Miguilim.  

Miguilim, garoto sensível da região de Minas Gerais, começamos a vê-lo aos oito anos, com uma menção aos seus sete anos, quando esteve mergulhado numa preocupação em respeito ao local de sua residência, o Mutum (essa palavra constitui um palíndromo, ou seja, pode tanto ser lida da direita para a esquerda com da esquerda para a direita, sem alterar-se. E o mais interessante é que sua grafia, MUTUM, acaba concretizando o próprio local, já que este ficava junto a um covão (U), entre morro e morro (M e M). Durante uma viagem para ser crismado, ouvira alguém falar que aquele era um lugar muito bonito. Tão feliz fica com a novidade que se torna ansioso em contá-la para a mãe, Nhãnina, crendo que assim faria com que ela deixasse de ser triste por morar ali.
Seu jeito estabanado, no entanto, faz com que corra desesperado em direção da mãe, passando direto pelo pai, Nhô Bero, irritando-o. É a primeira informação que o leitor recebe de que existe na narrativa uma transfiguração do complexo de Édipo, já que Miguilim tem uma forte identificação afetiva com a mãe e problemas graves de relacionamento com o pai, a ponto de, mais para frente, os dois se estranharem como se fossem inimigos.
Há também outras pessoas com quem o protagonista mantém relação. Podem ser citados os irmãos Chica, Drelina e Tomezinho, os dois últimos de gênio difícil, até maligno. A Rosa, que trabalha em sua casa e com quem tem uma tranqüila relação, muitas vezes acompanhando-o em seus sentimentos e fantasias. Vó Izidra, na realidade tia-avó por parte de mãe dele. Era uma mulher dotada de uma moral extremamente rígida, baseada num catolicismo um tanto tradicional, apegado a santos e rezas. É a religiosidade oficial, bem diferente de Mãitina, velhíssima remanescente da escravidão, já sem juízo e com fama de feiticeira. Seu misticismo é muito mais primitivo, pois que baseado em magia (compare essas duas idosas. Ambas estão vinculadas ao misticismo, à religiosidade.   A ligação com o aspecto oculto de nossa existência está até simbolizada no cômodo em que cada uma fica: ambos são escuros e isolados. Além disso, gostam de Miguilim. A diferença é que Vó Izidra é mais enrustida. Há também diferenças na qualidade da religiosidade de cada uma. Mãitina é mais primitiva enquanto a outra segue um padrão mais oficial).
Mas duas personagens são as mais importantes no círculo de relacionamento de Miguilim. A primeira é o seu irmão Dito, que, apesar de mais novo, é mais sábio, na medida em que está mais preparado para o lado prático da vida. Torna-se a âncora do protagonista, já que este é extremamente aluado. Por isso é constantemente consultado pelo personagem principal.
A outra figura importante é o Tio Terêz (dentro da elaboração poética de sua prosa, Guimarães estabelece uma ortografia própria, muitas vezes afastando-se do padrão gramatical. É o caso do “Terêz”, já que oxítonas terminadas em “z” não devem ser acentuadas). Irmão de Béro, é o amigo grande de Miguilim (há quem extrapole na interpretação e enxergue na relação entre Miguilim e Terêz, tendo também em vista o caso entre este e Nina, além dos conflitos entre o protagonista e seu pai, a possibilidade de que o menino seria filho não de Béro, mas de Terêz. Mas é um aspecto que de forma alguma deve ser colocado em uma prova, pois que baseado em suspeitas muito leves). E sabemos, pelo olhar lacunoso de uma criança, que mantém uma relação no mínimo perigosa com Nina. Intuímos isso pela briga que há entre pai e mãe em que esta quase apanha; só não sofreu porque Miguilim se interpôs no meio do casal, acabando por sofrer a fúria de Béro no lugar da mãe. Comenta-se a todo instante que o tio não ia poder mais aparecer no Mutum. Além disso, surge uma tempestade terrível, que é atribuída por Vó Izidra como castigo infligido às ações pecaminosas que andavam grassando.
O temporal se vai, Tio Terêz some e o Mutum mergulha numa tranqüilidade momentânea. É quando Miguilim põe na mente a idéia obsessiva de que iria morrer em dez dias. Passa a desenvolver um apego pela vida durante o decorrer desse período e principalmente após ele, ao descobrir que sobrevivera a ele.
Nhô Bero, pouco depois, faz com que Miguilim lhe leve o almoço. É uma maneira que entende de arranjar utilidade para o garoto, que realiza sua tarefa com orgulho. No entanto, em uma das viagens, é surpreendido por Tio Terêz, que lhe entrega uma carta para ser entregue à Nina e diz que estaria esperando resposta no dia seguinte. Começa então um dilema na mente do menino. Adora o tio e, portanto, deve fazer o que este lhe pediu. No entanto, mesmo não tendo consciência do que acontecia, intui que o que era pedido era errado. Depois de muito tempo de conflito interior, decide não entregar a missiva, confessando, entre choros, ao tio, que facilmente entende. É um grande passo no crescimento da personagem.

Introduzido por outra tempestade, chega mais um período de crise. É, como diz o narrador, o momento em que virou o tempo do ruim. Começa com o assassinato de Patori, garoto imbuído de malignidade e que maltratava muito Miguilim. Seguem-se outros fatos. O cachorro Julim foi mortalmente ferido por um tamanduá. Tomezinho sofre com a picada de um marimbondo. O touro Rio Negro machuca Miguilim, que acaba descontando a raiva em Dito. Luisaltino surge e começa a se engraçar com Nina (a mãe de Miguilim parece revelar um caráter no mínimo leviano, volúvel. Pode-se desconfiar de um certo determinismo, na medida em que sua personalidade seria um reflexo das atividades exercidas pela mãe dela, que fora prostituta). O ponto crítico ocorre quando Dito vai espiar o ninho de uma coruja. A ave acaba dizendo o nome dele, o que é visto por Miguilim como mau agouro (note que, para angústia de Miguilim, o papagaio não conseguia falar o nome de Dito, ao contrário da coruja. Drama temporário. No final, muito tempo depois, consegue-o).

Tudo é preparação de clima para o grande desastre. Durante a perseguição que as crianças fazem a um mico que havia escapado, Dito acaba tendo o pé cortado por um caco que estava no terreiro. O machucado piora, colocando o menino de cama. Coincidência ou não, é época dos festejos de Natal, Vó Izidra até se dedicando a montar seu famoso presépio.

Dito não resiste ao mal que lhe acometeu, vindo por falecer. É uma experiência extremamente dolorosa para Miguilim, mas que pode ser vista como um passo importante no seu amadurecimento. Se antes o protagonista era guiado pelo irmão, nos momentos de convalescença deste o jogo começa a se inverter. É Miguilim que conta ao acamado o que está ocorrendo no mundo ao redor deles. Passa a ser, pois, os olhos fraternos. Com a morte, a personagem principal passa um longo período curtindo a dor, o sofrimento, até que assume um movimento com que de introjeção do falecido, já que antes de tomar uma decisão sempre se pergunta o que seu irmão faria. Ao assumir a mesma atitude que presume ser de Dito, praticamente absorve-o em seu ser.

Tanto essa evolução é verdade que Miguilim agüenta firme o sufoco a que seu pai o submete, fazendo-o trabalhar no roçado, debaixo de um sol desumano. Mas o mais importante é lembrar da sua participação no conflito que houve entre Liovaldo e Grivo.

Grivo era um rapaz muito pobre, a ponto de os animais de criação, como galinhas, morarem na mesma casa dele. Certa vez aparecera no Mutum com dois patos para serem vendidos, parca fonte de sustento para si e para mãe. No entanto, Liovaldo, irmão de Miguilim que morava na cidade e que estava de visita, dominado por um espírito maléfico, começa a maltratar e até a machucar o pobre. Miguilim acha injusto e toma partido, batendo no agressor. Seu pai fica indignado pelo fato de o menino não respeitar o sangue familiar e, incoerentemente, dá uma surra nele que chega a espancamento. O protagonista, no entanto, não se sente mal, pelo contrário, tem raiva, pois sabe que está certo e que o pai está imensamente errado. Por isso pensa em vingança, imaginando até a morte do pai. É quando ri, em meio a surra, o que faz todos, até o agressor, pensarem que o menino endoidara, talvez até com os golpes.

O conflito instaura a conquista, por Miguilim, de espaço e até respeito no ambiente familiar. Após três dias que passa na casa de um vaqueiro, para protegê-lo da fúria do pai, retorna, mas não se mostra submisso. Como provocação, Béro quebra os brinquedos e gaiolas do filho. Este solta os passarinhos que tinha presos e quebra os brinquedos que sobraram. É um sinal de que havia crescido e que, portanto, não precisava mais daquelas diversões.

Delimitadas as fronteiras, Miguilim pouco depois cai doente e de forma tão grave que alterna momentos de inconsciência a de consciência (a doença e os mergulhos de desligamento que provoca podem ser entendidos como um momento de incubação, como se Miguilim, dentro de um casulo, estivesse em uma fase no final da qual se transformaria em outra pessoa). Nos instantes em que vem à tona percebe picotes de realidade, mas que nos faz entender vários acontecimentos. O primeiro é o desespero do pai, que se sente injustiçado pela providência divina, que parecia querer tomar mais um filho dele (Béro é, portanto, uma personagem complexa, pois, ao mesmo tempo em que maltrata seu filho, demonstra amor por ele. Sua agressividade pode ser fruto de uma vida de dificuldades financeiras, pois não é dono de suas próprias terras, cuidando do que era alheio. Nas entrelinhas fica o traçado de um caráter rico psicologicamente). Tenta ao máximo fazer suas vontades. Em vários outros despertares Miguilim toma conhecimento que Béro havia matado Luisaltino, provavelmente por causa de Nhãnina. Por ter caminhado pelas trilhas da criminalidade, acaba por se suicidar.
Quando começa a melhorar, o protagonista toma conhecimento de que Tio Terêz tinha voltado e ia passar a morar no Mutum. Era a união, finalmente, dele com Nina. Por causa disso, Vó Izidra parte de lá, indignada.
No final, a chegada de um certo Dr. José Lourenço traz uma revelação surpreendente. É essa figura nova que descobre que Miguilim era míope. Ao emprestar ao menino seus óculos, permite à criança uma descoberta. Seu velho mundinho acaba ganhando uma visão completamente nova, mais nítida. É a simbologia do crescimento, o que constitui um ritual de passagem. Enxergar mais nitidamente o mundo significa entrar para a fase adulta, sair da infância.
Na companhia de tão importante mudança, Miguilim parte para a cidade. Sua viagem, somada à simbologia dos óculos, pode significar a entrada em um novo universo. Miguilim pode tanto ter abandonado a visão primitiva, pré-lógica, que o caracterizara, como continuar, em meio ao universo adulto, preservando seu lado infantil. É, pois, um final aberto, a permitir mais de interpretação.




ASPECTOS IMPORTANTES PARA REFLEXÃO CRÍTICA

1) Ao longo da obra, não são poucas as cenas e passagens em que se pode perceber a ruindade adulta em oposição ao sentimento puro e nobre da criança. Revela-o não só a história de cadela Pingo-de-Ouro, quase cega, que á doado aos outros pelo pai, como também a cena da caça ao tatu em que as pessoas grandes são recriminadas pela criança, na sua inocência e pureza.
      "Então, mas por que é que Pai e os outros se apraziam tão risonhos, doidavam, tão animados alegres, na hora de caçar à toa, de matar tatu e os outro bichinhos desvalidos? "
      Miguilim via essas coisas e não compreendia. Na sua inocência de criança ficava a nódoa da imagem perversa: "Miguilim inventava outra espécie de nojo das pessoas grandes."
      "Miguilim não tinha vontade de crescer, de ser pessoa grande, a conversa das pessoas grandes era sempre as mesmas coisas secas, com aquela necessidade de ser brutas, coisas assustadas". 

      2) Como já deixamos claro no enredo, difícil e doloroso foi-se tornando o relacionamento de Miguilim com o pai. A cena da surra revela bem o sadismo e a prepotência do adulto ao espancar uma criança pequenina e indefesa:
      "(Pai) pegou o Miguilim, e o levou para casa, debaixo de pancadas. Levou para o alpendre. Bateu de mão, depois resolveu: tirou a roupa toda de Miguilim e começou a bater com a correia da conta. Batia e xingava, mordia a ponta da língua, enrolada, se comprazia. Batia tanto, que Mãe, Drelina e a Chica, a Rosa, Tomezinho, e até Vovó Izidra, choravam, pediam que não desse mais, que já chegava. Batia. Batia..." 

      3) A cena do bilhete, em que tio Terêz pede a Miguilim para entregá-lo à mãe, evidencia outro drama crucial para a criança: a angústia gerada pela dúvida entrer entregar ou não entregar o bilhete. Angustiava-se ante o compromisso assumido com o tio e a consciência de que estava fazendo alguma coisa errada. Nem mesmo Dito, com toda a sua sabedoria, pôde dar-lhe uma resposta que pudesse aliviar-lhe o tormento: nem mesmo a mãe, nem mesmo o vaqueiro Jé pôde tirar-lhe a dúvida que roía a alma: 

      "Mãe, o que a gente faz, se é mal, se é bem, ver quando é que a gente sabe?
      Vaqueiro Jé: malfeito como é, que a gente se sabe?
      Menino não carece de saber Miguilim. Menino, o todo quanto faz, tem de ser é malfeito..."
      Ainda bem que o tio Terêz foi bom e compreensivo e aceitou o bilhete de volta:
      "Miguilim, Miguilim, não chora, não te importa, você é um menino bom, menino direto, você é meu amigo!" 

      4) O mundo da criança é sempre povoado de superstições e crendices que refletem o adulto. Algumas dessas crendices e superstições revelam bem o poder e a influência da religião com seu conceito de pecado, além de expressar também aspectos da cultura popular.
      Em "Campo Geral", várias passagens podem ser destacadas como exemplos: "Contavam que esse seo Deográcias estava excomungado, porque um dia ele tinha ficado agachado dentro da igreja".
      "Ah, não fosse pecado, e aí ele havia de ter uma raiva enorme, de Pai, deles todos, raiva mesmo de ódio, ele estava com razão".
      "Entre chuva e outra, o arco-da-velha aparecia bonito, bebedor; quem atravessasse debaixo dele - fu" - menino virava mena, menina virava menino: será que depois desvirava?"
      "Por paz, não estava querendo também brincar junto com o Patori, esse era um menino maldoso, diabrava. Ele tem olho ruim, - a Rosa dizia - quando a gente está comendo, e ele espia, a gente pega dor-de-cabeça..."
      "Ali no oratório, embrulhados e recosidos num saquinho de pano, eles guardavam os umbiguinho secos de todos os meninos, os dois irmãozinhos, das irmãs, o de Miguilim também - rato nenhum não pudesse roer, caso roendo o menino então crescia para ser só ladrão"
      "Quando a estória da Cuca, o Dito um dia perguntou: ?Quem sabe é pecado a gente ter saudade de cachorro?" 

      5) Por meio do contato com seo Aristeu e sobretudo através das conversas com Dito, muitas lições de vida Miguilim vai aprendendo: "O Dito dizia que o certa era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma".
      Era uma bela lição essa que o Dito ensinava a Miguilim: a alegria de viver. Aliás, a mesma lição é transmitida a ele por seo Aristeu, quando estava doente sem estar, e pensava em morrer. Foi só seo Aristeu fazer umas graças e Miguilim se restabeleceu da enfermidade. "Vai, o que você tem é saúde grande e ainda mal empenada."
      No final, com o happy-end provocado pelo destino, Miguilim chorava de emoção: "Sem alegre, Miguilim... Sempre alegre, Miguilim", Miguilim, de óculos nos olhos míopes, agora enxergavam diferente - tinha uma nova visão do mundo e da vida.

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