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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vestido de Noiva - UEPA FASE III









Vestido De Noiva – Nelson Rodrigues
TRAILERS DE FILMES QUE RETRATAM A OBRA DE NELSON RODRIGUES




















VIDEO DE APOIO AO DEBATE FEITO EM SALA DE AULA ( CONVÊNIO CEI )



DADOS BIOGRÁFICOS

Nelson Falcão Rodrigues nasceu em Recife no ano de 1912. Mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro. Quando maior, trabalhou no jornal "A Manhã", de propriedade de seu pai. Foi repórter policial durante longos anos, de onde acumulou uma vasta experiência para escrever suas peças a respeito da sociedade. Sua primeira peça foi A Mulher sem Pecado que lhe deu os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral. O sucesso mesmo veio com Vestido de Noiva, que trazia, em matéria de teatro, uma renovação nunca vista em nossos palcos. A consagração se seguiria com vários outros sucessos, transformando-o no grande representante da literatura teatral do seu tempo, apesar de suas peças serem taxadas muitas vezes como obscenas e imorais. Em 1962, começou a escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão por futebol. Veio a falecer em 1980, no Rio de Janeiro.


CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

O Modernismo nos trouxe Nelson Rodrigues, que revolucionou de tal forma os palcos brasileiros que se pode denominá-lo como um verdadeiro divisor de águas dentro de nossa tradição teatral. Com suas técnicas inusitadas de corte de cenas e ritmos, o dramaturgo brinca com o tempo e o espaço, invertendo as ordens e as mais variadas ações dos personagens. Seu interesse maior está em mostrar a classe média suburbana carioca, que esteve tão presente em toda a sua vida de jornalista e de homem comum que convivia de perto com a realidade crua ali presente. Suas peças são uma verdadeira denúncia em relação à hipocrisia e a falsidade que estavam por trás das belezas dessa classe média. Seu ponto de princípio é sempre o sexo reprimido e deformado por uma gama de costumes morais, sociais e religiosos, que fazem com que seus personagens, tipos criados a partir da realidade das grandes cidades, se tornem alienados ou conturbados a ponto de tornar seus desejos ou fobias em verdadeiras obsessões que levam a suicídios, adultérios ou incestos, e, é claro, muitas vezes à neurose à loucura. É o caos da cidade grande agindo juntamente com os conflitos psicológicos dentro do homem moderno, vítima de suas próprias, ações, leis e preconceitos morais. A crueza e a obscenidade estão sempre presentes para dar ao leitor ou à platéia a verdadeira e honesta dimensão da mente humana.


Suas peças podem ser divididas em três grupos temáticos: (i) Peças psicológicas, em que se destacam os problemas do homem enquanto homem e enquanto membro de uma sociedade hipócrita que o criou e que é deformada por ele; (ii) Peças míticas, cujo enredo sempre gira em torno dos instintos humanos, da busca pelas raízes dessas ações e sentimentos; (iii) Tragédias cariocas, em que o mundo moderno aparece para ser desmascarado, com toda a seu egoísmo, mesquinhez e futilidade.


Uma de suas peças mais importantes, escrita em 1943, é Vestido de Noiva que melhor se encaixa dentro de suas peças psicológicas. Apresentada em três planos, o da memória, da alucinação e da realidade, Nelson Rodrigues conta a história do casamento e da morte de Alaíde de uma forma inusitada e revolucionária. Através de colagens e variação temporais e espaciais, vários lances de sua vida são relatados e descritos, muitas vezes fundidos com outras histórias, oriundas de outros personagens, num verdadeiro malabarismo de imagens e fatos.


PRINCIPAIS OBRAS

Teatro
A Mulher Sem Pecado (1941); Vestido de Noiva (1943); Álbum de Família (1945); Anjo Negro (1946); Dorotéia (1947); Valsa n.6 (1951); A Falecida (1953); Senhora dos Afogados (1954); Viúva, Porém Honesta (1957); Os Sete Gatinhos (1958); Beijo nos Asfalto (1960); Toda Nudez Será Castigada (1965); Otto Lara Rezende ou Bonitinha, Mas Ordinária (1967); A Serpente; Boca de Ouro; Perdoa-me por me Traíres; Anti-Nelson Rodrigues (1973).

Análise da obra

Vestido de Noiva vai aos palcos em 1943, sob a direção de Ziembinski, marcando a renovação do teatro brasileiro ao se voltar para a realidade de cunho psicológico. A peça causou polêmica na época e ainda hoje é considerada forte em sua linguagem e no tratamento do tema, transplantando para o palco a profunda angústia do autor, que contamina os atores e os espectadores. Despojada da leveza da cena e compondo diálogos fortes e desnudados, a peça apresenta ainda outra inovação, a subdivisão do palco que aparece iluminado de três maneiras, representando três planos: o plano da realidade, o plano da alucinação e o plano da memória.

Através da intersecção desses três planos tem-se o conteúdo da peça.

Plano da realidade: é o que dá início à peça, o estrépito de um acidente de carro é seguido de repórteres que comunicam o atropelamento de uma mulher. Esta é identificada: Alaíde Moreira, 25 anos, casada com o industrial Pedro Moreira. Na mesa de cirurgia, Alaíde delira – assim o espectador passa aos planos da memória e da alucinação. Por fim, os médicos anunciam a morte da jovem.

Plano da alucinação: sem a interdição da censura moral, todos os desejos de Alaíde se libertam. Às cenas de delírio soma-se a lembrança de fatos reais, vividos pela personagem. Divagando, Alaíde procura Madame Clessi, prostituta do início do século que fora assassinada por um amante adolescente. Na representação da memória, o espectador descobre que Alaíde tinha um diário da mundana, encontrado no sótão da casa em que vivera antes de casar. O casamento sem grandes aventuras e o cotidiano banal haviam transformado Alaíde numa Bovary carioca, o que a faz projetar seus impulsos e seus desejos na figura da prostitua Clessi.

Plano da memória: Alaíde concentra o esforço ordenador da memória na reconstituição das cenas do casamento. Um dado verdadeiro que já surgira no plano da alucinação: ela roubara Pedro da irmã, Lúcia. É da consciência culpada da protagonista que surge a imagem da Mulher de Véu – que depois se revelará como sendo a própria Lúcia. Misturando num ritmo gradativo as ações dos três planos, a peça encaminha-se para o desfecho no qual Lúcia acaba por casar-se com Pedro. É Alaíde quem entrega o buquê à noiva, acompanhada de Madame Clessi. A peça se encerra com apenas uma luz sobre o túmulo de Alaíde.

O entrecruzamento memória / alucinação / realidade -

A primeira cena é desenvolvida a partir do entrecruzamento dos planos da alucinação, da memória e da realidade. Enquanto o leitor/espectador é apresentado a uma realidade exterior - a referência ao acidente - e ao subterrâneo psicológico da personagem, presente o mergulho que será dado no que existe de mais profundo na alma humana. De imediato, ganha-se a convivência do público, o que vem a facilitar o desenvolvimento da tramaExiste o predomínio dos planos da memória e da alucinação. Este procedimento que se tornará comum em inúmeras peças de Nelson Rodrigues. A realidade é apresentada a partir do filtro da mente dos personagens. Com forte efeito psicológico, esse procedimento é evidente em Vestido de Noiva. A matéria fundamental da peça está no plano do delírio e, ao mesmo tempo, no plano da memória de Alaíde. Ao situar a ação da obra no território livre do subconsciente (em que se situam o plano da memória e mesmo o da alucinação) o autor favorece as possibilidades de criação. Fora do alcance da censura – que a psicanálise chamaria de super ego –, a heroína pode liberar sua libido, seus desejos reprimidos. É assim que surge, em Alaíde, como projeção de suas fantasias na figura da prostituta, Madame Clessi. Infeliz no casamento, insatisfeita com a realidade mesquinha da vida ordinária, a protagonista encontra na identificação com a prostituta uma compensação. Percebe-se também em Vestido de Noiva, a inclinação do autor para uma estética expressionista, em que o exagero, a deformação ou a obsessão dos personagens, ao invés de proporcionarem o tom cômico, funcionam como elementos intensificadores da dramaticidade de cenas e situações.Além de reforçar a capacidade de criação visual, imagética, os elementos grotescos da peça contribuem para estabelecer uma visão pessimista e sombria da realidade. Há nesta peça a presença do folhetinesco, traduzida na disputa das duas irmãs por Pedro. O dramaturgo sempre foi um entusiasmado leitor de folhetins e soube usar os temas simplistas e melodramáticos do gênero para buscar um sentido psicológico profundo para seus personagens, alcançando, muitas vezes, uma concepção trágica da existência.

Estrutura / espaço / ação

A peça tem três atos e sua ação transcorre no âmbito familiar. A família é o núcleo de todas danações dos personagens de Nelson Rodrigues, nesta e em suas demais peças, seja esta família de origem suburbana, de classe média ou burguesa. É no interior dessa comunidade que deveria proteger seus membros, que os dramas ocorrem. Paixões proibidas, ódio recalcado, violência, crueldade e outros sentimentos degradados implodem a estrutura familiar, transformando-a em um inferno em que os personagens das peças vivem como seres para sempre amaldiçoados. O peça inicia com buzina de automóvel, barulho de derrapagem violenta, vidraças partidas, sirene de ambulância. O cenário é dividido em três planos, que o autor denomina: alucinação, memória e realidade. Os sons ouvidos referem-se ao atropelamento de Alaíde, que é levada a um hospital.O universo dramático de Vestido de Noiva é a classe média carioca nas imediações dos anos quarenta. Nessa sociedade, predomina a hipocrisia, os preconceitos e os símbolos eleitos pela cultura judaico-cristã como eternos em relação à família e ao casamento.

Temática e símbolos

Partindo do princípio de que as relações sociais são perversas, todas as atitudes das pessoas revelam a hipocrisia, a competição desleal, os desejos proibidos, o conformismo imbecilizado ou o inconformismo agressivo, enfim, é um universo de obsessivo pessimismo.Todas as imagens e símbolos que emergem da peça convergem para essa amarga concepção da existência, sem nenhuma surpresa, com pouca sutileza, de maneira bem clara, em que pese a manifesta intenção de ironizar símbolos sagrados à cultura judaico-cristã. Assim Vestido de Noiva que deveria simbolizar a virgindade, a ingenuidade de sentimentos, a paixão pelo noivo com o qual ocorrerá a união sob a benção de Deus e dos homens, nos mostra um cenário completamente a este apenas descrito e acaba dessacralizando a pureza e a castidade para se tornar a representação das discórdia, da competição, e, a considerar o inequívoco desfecho da peça, em que a marcha fúnebre se sobrepõe à marcha nupcial, termina por adquirir a conotação de mortalha.As outras imagens também convergem para o mesmo universo simbólico, como o bouquet, espécie de troféu às avessas e metáfora de um casamento destinado ao fracasso, e a aliança - "grossa ou fina, tanto faz" nas palavras de uma prostituta, ao invés de celebrar a união do casal, funciona como índice de disputa, rivalidade, ameaça de morte.A mulher de véu também se constitui numa imagem de pessimismo. É a mulher que não se revela, mas está sempre pronta a dar o bote, em seu desejo de vingança. É a retaliação sempre presente, que Alaíde só consegue identificar claramente ao final do segundo ato. Provavelmente será a próxima vítima do marido.

Personagens


Alaíde - neurótica e oportunista, é a protagonista de Vestido de Noiva. É uma mulher insatisfeita e inconformada com a condição feminina. Seduz os namorados da irmã como uma tentativa de auto-afirmação, que a faz parecer melhor aos próprios olhos. É como ela diz a Lúcia, em tom de provocação: "Eu sou muito mais mulher do que você - sempre fui! Após conquistar Pedro, que se torna seu marido, demonstra um certo desinteresse e frustração pela vida de casada, ao mesmo tempo em que se sente ameaçada de morte por Pedro e Lúcia. O atropelamento é um desfecho trágico da tensão dos últimos dias da protagonista, e tanto pode ser suicídio como acaso ou assassinato. Em seu delírio e lembranças, reconstrói no subconsciente as injustiças de que se julga vítima e revela seu fascínio pela vida marginal de Madame Clessi.


Lúcia - irmã de Alaíde, aparece em quase toda a peça como Mulher de Véu. É uma pessoa também insatisfeita, incompleta, que vive atormentada pelo sentimento de ter sido passada para trás pela irmã. Parece ter conseguido uma grande vitória com a morte de Alaíde e seu casamento com Pedro, mas as cenas finais sugere que ela não estará melhor em seu casamento do que Alaíde em seu túmulo.


Pedro - é o elemento dominador, é quem manipula as mulheres para conseguir o que quer. Namora Lúcia inicialmente, deixa-se seduzir por Alaíde, com quem se casa pela primeira vez, e depois concebe um plano macabro de eliminar a esposa para retornar aos braços da irmã. É o industrial bem sucedido, que representa o bom partido para as moças casadoiras que conseguirem fisgá-lo, mesmo sabendo que viveram à mercê do macho opressor. Pedro e Lúcia são presumidos assassinos e hipocritamente se casam, com o consentimento dos pais de Lúcia e da inexpressiva mãe de Pedro.

Madame Clessi - é a prostituta do início do século que povoa a mente de Alaíde, desejosa de viver um mundo de sensações picantes. Ela havia residido na casa de Alaíde décadas atrás, e os pais da protagonista resolvem queimar seus pertences, alguns dos quais são salvos, inclusive o diário. Clessi representa (para Alaíde) o ideal de mulher liberada, que agride a sociedade hipócrita que Alaíde nega, mas na qual ela transita.

Os demais personagens desempenham papéis secundários, como o namoradinho adolescente de Clessi, que a assassina com uma navalhada, e os pais de Alaíde e Lúcia e a mãe de Pedro, que representam a classe média conformada e deslumbrada com as convenções sociais, que devem ser preservadas.

Enredo

A obra é a história de um triângulo amoroso. Alaíde, a protagonista, rouba o namorado da irmã, Lúcia, e casa-se com ele. Lúcia, por sua vez, fica com o marido da irmã, e os dois formam um complô, que leva Alaíde à loucura e à morte. A mulher sai enlouquecida pela rua, é atropelada, e vai parar num hospital, agonizando numa mesa de operações. E a peça reconstitui em cena aquilo que se passa nessa mente em desagregação da protagonista. O peça inicia com buzina de automóvel, barulho de derrapagem violenta, vidraças partidas, sirene de ambulância. O cenário é dividido em três planos, que o autor denomina: alucinação, memória e realidade. Os sons ouvidos referem-se ao atropelamento de Alaíde, moça rica da sociedade carioca, é atropelada numa das noites do Rio e é levada a um hospital.No plano da realidade, jornalistas correm para se informar e publicar em seus jornais o fato, enquanto médicos correm para salvar o corpo inerte da mulher, jogada numa mesa de operação entre a vida e a morte. No plano da alucinação, Alaíde procura por uma mulher chamada Madame Clessi, sua heroína, que foi assassinada no início do século, vestida de noiva, pelo seu namorado. As duas se encontram e conversam. Um homem acusa Alaíde de assassina, e ela revela a Madame Clessi que assassinou o marido Pedro com um ferro após uma discussão (o plano da memória reconstitui a cena). Mais tarde, ambas percebem que o assassinato de Pedro não passou de um sonho de Alaíde. O principal símbolo da libertação feminina é para ela Madame Clessi, uma prostituta do início do século que havia residido na casa em que então moravam seus pais. Diante do propósito dos pais de incinerarem os pertences da cafetina que haviam ficado no sótão da casa, Alaíde consegue resgatar o diário dela, e fica conhecendo detalhes de sua trajetória, complementados com recortes de jornais da época encontrados na Biblioteca Nacional.Enquanto os médicos tentam quase o impossível para salvá-la da morte no plano da realidade, Alaíde e Madame Clessi conversam no plano da alucinação, tentando se lembrar do dia do casamento da primeira, e de duas mulheres que estavam presentes enquanto Alaíde se preparava para a cerimônia: a mulher de véu e uma moça chamada Lúcia. Ambas são, na verdade, a mesma pessoa: a irmã de Alaíde, que reclama o fato desta ter lhe roubado o namorado. Segue-se uma série de intercalações entre os planos: no plano da realidade, o trabalho dos médicos para reanimar Alaíde, e dos jornalistas querendo informações sobre a tragédia do atropelamento. Nos planos da alucinação e da memória, a história de Madame Clessi, com seu namoro com um jovem rapaz e sua morte, se funde com a de Alaíde no dia do casamento com Pedro. Segue-se a discussão com Lúcia minutos antes da cerimônia, que a acusa violentamente de ter lhe roubado o noivo. O casamento acontece, e Alaíde se vê vítima de uma conspiração entre Lúcia e Pedro, que pretendem matá-la para ficarem juntos. No plano da realidade, Alaíde morre na mesa de operação. Enquanto Alaíde assiste com Madame Clessi cenas de seu enterro e de sua discussão com Lúcia momentos antes do atropelamento, quando jura que mesmo morta não a deixaria ficar com Pedro. Inconformada com as convenções sociais repressoras da mulher, Alaíde não consegue em vida opor-se a elas, mas consegue manipular as pessoas com seu poder de sedução. Perto da morte, seu desejo de transgressão toma corpo e salta aos olhos nas cenas em que se torna amiga da prostituta e consegue inclusive matar, com a maior frieza, o marido traidor. Lúcia, no entanto, casa-se com Pedro, mesmo tendo em sua mente a imagem de Alaíde com seu vestido de noiva.

4 comentários:

  1. Bom dia profº Gil Gostei muito da sua nova criação. Que Deus sempre abençoe vc e sua familia..

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  2. E prof mto firme o seu blog adoreii e um otimo lugar pra tirar duvidas
    saudades das suas aulas :D

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  3. Esse blog é sem dúvida, d+,me ajudou muito e só me resta agrade-lo por pessoas como vc contribuir com coisas tao importantes.

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  4. Obrigado professor
    Isso me ajudara bastante!

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