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LEGIÃO ESTRANGEIRA - TEXTOS COMPLETOS PARA LER
VAMOS AOS RESUMOS MEUS FILHÕES E MINHAS ANJAS DO GIL
“ Eu tenho Fé ,
Eu não desisto . Eu sou de Deus .
Eu sou de Cristo “ ( Kleber Lucas )
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CLARICE LISPECTOR
características importantes da autora nestes contos :
Ø Prosa
Intimista
Ø Espaço
mental
Ø digressões
Ø Clarice
sempre escreveu buscando algo, procurando através da literatura responder a uma
pergunta que sequer era formulada. Sua obra é repleta de sugestões, e o
evento no interior das personagens é mais valorizado que qualquer
evento externo. É comum encontramos, quando se fala em Clarice Lispector, o
termo epifania: seus
textos frequentemente levam a uma revelação, a uma descoberta que só é feita
através de uma entrega aos sentidos, nunca pela racionalização
ASPECTOS IMPORTANTES
NOS 13 CONTOS
LEGIÃO ESTRANGEIRA
Em
A legião estrangeira, conto
figurado no livro homônimo, tem-se a representação
da inveja incorporada na personalidade
de uma criança com postura muito adulta diante de uma adulta muito passiva até diante dela. A criança ( Ofélia Maria
dos Santos Aguiar ) de cabelos cacheados
que, num ato polarizado pela fusão de amor-crueldade, priva a narradora-personagem de um objeto de desejo: Um Pinto
Deixando-se levar pelo desconhecido
depara-se com as vicissitudes do desejo e descobre a outra face amor e o ódio.
Foi amando excessivamente que Ofélia ofuscou o ódio. Enigmática, essa outra
face não se entregou às palavras, e para livrar-se deste resto que não poderia
ser dito, Ofélia destrói aquele que foi o agente de sua descoberta, o pinto.
um trecho
um trecho
Não foi o que aconteceu, Ofélia
continuou a visitar a casa da amiga. Voltava sempre para reparar nos erros da
amiga dar-lhe conselhos.
O que Ofélia realmente queria? Nem mesmo a protagonista tinha a resposta.
Mais tarde Ofélia apareceu para a visita costumeira. Assuntou-se com a presença do Pinto e fez perguntas, todas respondidas.
A partir daí o pinto gerou uma situação de consciência na protagonista. A menina inteligente virou criança. A protagonista que antes via a menina como chata, agora a passa ver como uma criança que quer resposta da vida. A menina se sentiu impelida a roubar o pinto, que segundo sua dona, esta atitude mostrou que a menina tinha inveja porque ela não tinha aquele pinto.
“Depois que o tremor da cobiça passou, o escuro dos olhos tremeu todo: não era a um rosto sem cobertura que eu a expunha agora eu a expusera ao melhor do mundo: a um pinto.
Sem me verem, seus olhos quentes me fitavam numa abstração intensa que se punha em íntimo contato com minhas intimidades”.
A menina ali, diante da protagonista, estava cheia de dúvidas, de espanto, com a pergunta estampada no rosto e nos olhos cuja resposta a protagonista não dava por conta da moralidade.
A protagonista foi percebendo a angústia da menina. Como também a sua angústia de ver aquela menina ali diante dela se transformando numa criança e desejando ser dela ou se ala mesma. Ofélia voltou à pergunta: “É um pinto?
Ele está na cozinha.
Você pode ir à cozinha brincar com o pintinho”.
Aqui a protagonista deixa para a menina a escolha de ir ou não ir: “sei que não deveria ter dado a escolha.
Só vão ver o pintinho se você quiser”.
A partir daí para diante a protagonista faz uma análise psicológica do aceitar e do odiar.
Era preciso que a menina a odiasse para que ela, a protagonista pudesse resistir a seu ódio, ao seu sofrimento.
Reclama a protagonista: ao me usar me machucava com força; ela me arranhava ao tentar agarrar-se a minhas paredes lisas. Afinal sua voz soou em baixa e lenta raiva: - Vou ver o pinto na cozinha.
Com a dignidade e a elegância de sempre foi até a cozinha, mas voltou logo.
“Mas é um pintinho, disse. Ri, Ofélia olhou-me ultrajada. De repente riu, rimos juntas. Ofélia pôs o pintinho no chão e começou a brincar com ele, se corria atrás dele”.
Passada a êxtase pelo pinto, finalmente Ofélia resolveu ir embora. Depois de ir à cozinha levar o pinto despediu-se da amiga e saiu. A narradora protagonista conta assim o final da história de Ofélia: "Relutante foi afastando devagar a cadeira do caminho. Até parar devagar à porta da cozinha. No chão estava o pinto morto. Ofélia, inutilmente tentei eu atingir o coração da menina calada. OH! Não se assuste muito, às vezes a gente mata por amor, mas juro que um dia a gente esquece, juro. Eu estava agora cansada, sentei-me no banco da cozinha.
Sentada como se todos esses anos eu tivesse com paciência esperado na cozinha, Como na páscoa nos é prometido, em dezembro ele volta. Ofélia é que não voltou: Cresceu. Foi ser a princesa hindu por quem no deserto sua tribo espera".
O que Ofélia realmente queria? Nem mesmo a protagonista tinha a resposta.
Mais tarde Ofélia apareceu para a visita costumeira. Assuntou-se com a presença do Pinto e fez perguntas, todas respondidas.
A partir daí o pinto gerou uma situação de consciência na protagonista. A menina inteligente virou criança. A protagonista que antes via a menina como chata, agora a passa ver como uma criança que quer resposta da vida. A menina se sentiu impelida a roubar o pinto, que segundo sua dona, esta atitude mostrou que a menina tinha inveja porque ela não tinha aquele pinto.
“Depois que o tremor da cobiça passou, o escuro dos olhos tremeu todo: não era a um rosto sem cobertura que eu a expunha agora eu a expusera ao melhor do mundo: a um pinto.
Sem me verem, seus olhos quentes me fitavam numa abstração intensa que se punha em íntimo contato com minhas intimidades”.
A menina ali, diante da protagonista, estava cheia de dúvidas, de espanto, com a pergunta estampada no rosto e nos olhos cuja resposta a protagonista não dava por conta da moralidade.
A protagonista foi percebendo a angústia da menina. Como também a sua angústia de ver aquela menina ali diante dela se transformando numa criança e desejando ser dela ou se ala mesma. Ofélia voltou à pergunta: “É um pinto?
Ele está na cozinha.
Você pode ir à cozinha brincar com o pintinho”.
Aqui a protagonista deixa para a menina a escolha de ir ou não ir: “sei que não deveria ter dado a escolha.
Só vão ver o pintinho se você quiser”.
A partir daí para diante a protagonista faz uma análise psicológica do aceitar e do odiar.
Era preciso que a menina a odiasse para que ela, a protagonista pudesse resistir a seu ódio, ao seu sofrimento.
Reclama a protagonista: ao me usar me machucava com força; ela me arranhava ao tentar agarrar-se a minhas paredes lisas. Afinal sua voz soou em baixa e lenta raiva: - Vou ver o pinto na cozinha.
Com a dignidade e a elegância de sempre foi até a cozinha, mas voltou logo.
“Mas é um pintinho, disse. Ri, Ofélia olhou-me ultrajada. De repente riu, rimos juntas. Ofélia pôs o pintinho no chão e começou a brincar com ele, se corria atrás dele”.
Passada a êxtase pelo pinto, finalmente Ofélia resolveu ir embora. Depois de ir à cozinha levar o pinto despediu-se da amiga e saiu. A narradora protagonista conta assim o final da história de Ofélia: "Relutante foi afastando devagar a cadeira do caminho. Até parar devagar à porta da cozinha. No chão estava o pinto morto. Ofélia, inutilmente tentei eu atingir o coração da menina calada. OH! Não se assuste muito, às vezes a gente mata por amor, mas juro que um dia a gente esquece, juro. Eu estava agora cansada, sentei-me no banco da cozinha.
Sentada como se todos esses anos eu tivesse com paciência esperado na cozinha, Como na páscoa nos é prometido, em dezembro ele volta. Ofélia é que não voltou: Cresceu. Foi ser a princesa hindu por quem no deserto sua tribo espera".
Idéias : INVEJA –
DESEJO – AMOR – ÓDIO
OS DESASTRES DE SOFIA
A aluna Sofia
sente aparente aversão ao seu professor, mas como ele não a olha e age como uma
pessoa temerosa diante dela, Sofia fica atraída pelo prazer de espirraçá-lo e
sempre faz o que acha ruim para ele.
Escrevendo uma redação, ela acaba por, inocentemente, afirmar
que a
felicidade está dentro de cada um, é inútil procurá-la fora de si. O
que passa a ter a admiração do professor pela redação feita pela aluna de nove
anos de idade.
Após ler, o professor fica tão encantado com o texto de Sofia que a chama a sós na sala de aula e lhe confessa sua admiração pelo texto; e, por extensão, pela jóia que Sofia precisava ter no coração para definir tão bem a felicidade. Bem assustada, Sofia aprende o que é o amor e como ele habita no coração humano. Isto a leva a sentimentos que jamais esquecerá.(ódio x amor).
Após ler, o professor fica tão encantado com o texto de Sofia que a chama a sós na sala de aula e lhe confessa sua admiração pelo texto; e, por extensão, pela jóia que Sofia precisava ter no coração para definir tão bem a felicidade. Bem assustada, Sofia aprende o que é o amor e como ele habita no coração humano. Isto a leva a sentimentos que jamais esquecerá.(ódio x amor).
Principalmente quando, aos treze anos, fica
sabendo que esse professor morrera: “Perplexa (...) eu perdia meu inimigo e
sustento.”
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Interessante
comparar com o conto MENSAGEM
TENTAÇÃO
No conto Tentação, Clarice
Lispector narra um encontro de olhares entre uma menina com soluço, sentada à frente de sua casa em um dia
de calor e um cão. Evidentemente trata-se de
tipo de paixão efêmera(?). O palco do encontro é uma pequena cidade e a paixão
da menina pelo cão dura o tempo dele dobrar a esquina conduzido por sua dona.
A pequena cidade é
evidenciada quando a autora diz que a “rua
[estava] vazia [...] [e havia] só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do
bonde [...] [apesar de] na rua deserta [não haver] nenhum sinal de bonde” (LISPECTOR, 1998, p.
67). A
paixão neste caso é justificada quando a escritora diz que “entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro
ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele
cachorro (id.,
p. 68).
Ø 0 olhar foi
correspondido, neste caso a própria autora deixa isto evidente ao afirmar que
A menina abriu os
olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua
vibrava. Ambos se olhavam.
...
Que foi que disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento surpreendidos. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú.
...
Que foi que disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento surpreendidos. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú.
O desfecho
Mas ambos eram comprometidos.
Ela com sua infância impossível, o centro de sua inocência que só se abriria quando ela fosse mulher. Ele, com sua natureza aprisionada
Ela com sua infância impossível, o centro de sua inocência que só se abriria quando ela fosse mulher. Ele, com sua natureza aprisionada
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MACACOS
Perto do Ano-Novo, a família ganhou um mico de presente. Era um macacão ainda não crescido, que não dava sossego a ninguém. A dona da casa-narradora estava exausta.
Uma amiga entendeu o sofrimento dela e chamou uns meninos do morro. Eles levaram o macaco.
Um ano depois, a narradora comprou uma macaquinha nas mãos de um vendedor em Copacabana. Era delicada e recebeu o nome de Lisette. Vestiram-na de mulher e ela encantava a todos.
Três dias depois, Lisette estava na área de serviço sendo admirada pela família. Ela encantava sobretudo pela doçura. Só que não era doçura, era a morte chegando. Levaram-na rapidamente para o veterinário, enfrentando um trânsito difícil. Ela estava tendo falta de oxigênio. Deixaram-na na clínica.
No dia seguinte, morreu. Uma semana depois, o filho mais velho disse para a mãe:
Perto do Ano-Novo, a família ganhou um mico de presente. Era um macacão ainda não crescido, que não dava sossego a ninguém. A dona da casa-narradora estava exausta.
Uma amiga entendeu o sofrimento dela e chamou uns meninos do morro. Eles levaram o macaco.
Um ano depois, a narradora comprou uma macaquinha nas mãos de um vendedor em Copacabana. Era delicada e recebeu o nome de Lisette. Vestiram-na de mulher e ela encantava a todos.
Três dias depois, Lisette estava na área de serviço sendo admirada pela família. Ela encantava sobretudo pela doçura. Só que não era doçura, era a morte chegando. Levaram-na rapidamente para o veterinário, enfrentando um trânsito difícil. Ela estava tendo falta de oxigênio. Deixaram-na na clínica.
No dia seguinte, morreu. Uma semana depois, o filho mais velho disse para a mãe:
“Você parece tanto com Lisette! ‘
Eu também
gosto de você’, respondi.”
MENSAGEM
Em A mensagem (LISPECTOR, 1991), a temática
do amor também se faz presente, bem
como o
processo de elaboração
metalinguística. Neste conto,o amor de dois jovens gira em torno do uso que fazem
de palavras, tais como ‘angústia’, ‘evoluir’,‘superar’.
A personagem masculina (assim como a
protagonista do conto Os desastres de Sofia) não
consegue expressar e realizar trocas
materiais,
sensíveis e espirituais. Há
aproximação entre as personagens, mas não há doação recíproca. No fim do
conto, vemos a separação de duas almas que não conseguiram estabelecer laços
profundos e, por consequência, tornaram-se estranhos um para o outro.
Um rapaz de dezesseis anos e uma moça
de dezessete, colegas de escola sem amizade, um dia se sentiram ligados um ao
outro porque ela disse que sentia angústia e ele também.
A partir de então se tornaram íntimos. Intimidade que não significava sexo nem amor. Eles se sentiram ligados porque ambos queriam ser autênticos, sinceros, diferentes dos outros. Não se viam como homem e mulher, mas como dois seres angustiados, à procura de algo que eles não sabiam o que fosse. Vagamente, confusamente, achavam-se portadores de uma mensagem. Mas o que era isso?
A partir de então se tornaram íntimos. Intimidade que não significava sexo nem amor. Eles se sentiram ligados porque ambos queriam ser autênticos, sinceros, diferentes dos outros. Não se viam como homem e mulher, mas como dois seres angustiados, à procura de algo que eles não sabiam o que fosse. Vagamente, confusamente, achavam-se portadores de uma mensagem. Mas o que era isso?
Saindo do colégio
no último dia letivo, os dois caminhavam numa rua próxima do Cemitério S. João
Batista, no Rio. A calçada era estreita e os ônibus passavam rentes. De
repente, os dois se viram colados a uma casa velha. Pararam diante dela,
olharam para a fachada. Em seu íntimo cada um foi se descobrindo ali, parados:
ele era apenas um rapaz e ela, uma moça. Não tinham mais o que se dizer e por
que continuarem juntos
O TEMA DA AMIZADE
SOLUÇÃO
É a história da ingênua Almira que acreditava
na amizade de Alice, que a desprezava. Após tomar consciência do desprezo,
Almira enfia um garfo na garganta de Alice e vai presa.
Na
prisão, encontra verdadeiras amigas
UMA
AMIZADE SINCERA
A história de dois amigos que quanto mais se
aproximam fisicamente, mais distantes ficam. A certeza da verdadeira amizade se
dá quando eles se despedem e têm a certeza de que nunca mais se encontrarão.
EVOLUÇÃO
DE UMA MIOPIA
O menino era tido
como inteligente e astuto em casa. O que ele dizia provocava olhares mútuos de
confirmação de sua superioridade
Para apoderar-se da
chave de sua inteligência, o menino costumava repetir seus ditos; mas ninguém
prestava mais atenção. Essa instabilidade dos familiares passou para ele, que
adquiriu, então, um hábito mantido o resto da vida: pestanejava e franzia o
nariz, deslocando os óculos que usava por causa da miopia. Toda vez que
desenvolvia esse cacoete, era sinal de que estava interiormente tendo noção de
sua instabilidade.
A
visita feita para uma prima
A prima que não o vigia e o deixa bem livre
em sua casa Era um amor sem gravidez: ela queria que ele tivesse nascido dela; por
isso demonstrava o amor estável, a estabilidade do desejo irrealizável. Amor
que incluía paixão, a paixão pelo impossível.
Quando o menino descobriu o ingrediente da paixão no amor, ele perdeu a miopia e viu o mundo claramente. Foi como se ele tivesse tirado os óculos e a própria miopia o fizesse enxergar.
Desde então, talvez, ele adquiriu o novo hábito de tirar os óculos a pretexto de limpá-los “e, sem óculos, fitava o interlocutor com uma fixidez reverberada de cego.”
A forma de amá-lo era deixá-lo viver e ele sentiu-se amado, e “foi como se a miopia passasse e ele visse claramente o mundo”, ou “a miopia mesmo é que o fizesse enxergar”.
Quando o menino descobriu o ingrediente da paixão no amor, ele perdeu a miopia e viu o mundo claramente. Foi como se ele tivesse tirado os óculos e a própria miopia o fizesse enxergar.
Desde então, talvez, ele adquiriu o novo hábito de tirar os óculos a pretexto de limpá-los “e, sem óculos, fitava o interlocutor com uma fixidez reverberada de cego.”
A forma de amá-lo era deixá-lo viver e ele sentiu-se amado, e “foi como se a miopia passasse e ele visse claramente o mundo”, ou “a miopia mesmo é que o fizesse enxergar”.
OS OBEDIENTES
Neste conto é enfocada a vivência de um casal, e a voz narrativa tem papel preponderante para interpretar os “acontecimentos” sob uma ótica de ironia, que desmascara muitos valores da sociedade patriarcal.
Trata-se de um relato singular, que recria a rotina desmotivadora de um casal, que vai vivendo por viver, sem ter consciência nem de sua realidade medíocre, nem da realidade que os cerca. São pessoas anônimas, iguais a outras pessoas, que se submetiam ao irremediável da vida.
Já ultrapassada a idade de 50 anos, ambos começaram a ter alguns sonhos. Cada um pensava timidamente em seu interior sem falar: ele imaginava que muitas aventuras amorosas significariam vida; ela, que outro homem a salvaria.
Certo dia, ela estava comendo uma maçã e sentiu quebrar-se um dente da frente.
Olhou-se no espelho do banheiro, “viu uma cara pálida, de meia-idade, com um dente quebrado, e os própiros olhos...” Então, jogou-se pela janela.
O marido continuou existindo; “seco inesperadamente o leito do rio, andava perplexo e sem perigo sobre o fundo com uma lepidez de quem vai cair de bruços mais adiante.”
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Neste conto é enfocada a vivência de um casal, e a voz narrativa tem papel preponderante para interpretar os “acontecimentos” sob uma ótica de ironia, que desmascara muitos valores da sociedade patriarcal.
Trata-se de um relato singular, que recria a rotina desmotivadora de um casal, que vai vivendo por viver, sem ter consciência nem de sua realidade medíocre, nem da realidade que os cerca. São pessoas anônimas, iguais a outras pessoas, que se submetiam ao irremediável da vida.
Já ultrapassada a idade de 50 anos, ambos começaram a ter alguns sonhos. Cada um pensava timidamente em seu interior sem falar: ele imaginava que muitas aventuras amorosas significariam vida; ela, que outro homem a salvaria.
Certo dia, ela estava comendo uma maçã e sentiu quebrar-se um dente da frente.
Olhou-se no espelho do banheiro, “viu uma cara pálida, de meia-idade, com um dente quebrado, e os própiros olhos...” Então, jogou-se pela janela.
O marido continuou existindo; “seco inesperadamente o leito do rio, andava perplexo e sem perigo sobre o fundo com uma lepidez de quem vai cair de bruços mais adiante.”
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A REPARTIÇÃO DOS
PÃES
O assunto do texto é um almoço para participantes, como Clarice esclarece: ”Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo”. Trata-se de um almoço de obrigação oferecido num sábado, dia desejado por todos, e no entanto, era obrigação permanecer no almoço.
Clarice, para reforçar o estado de espírito dos convidados, usou como metáfora o trem descarrilado que obriga a todos os passageiros permanecerem em um lugar estranho, entre estrangeiros, desconhecidos que não conhecem o prazer de cada um que ali se encontra. O narrador, um dos convidados, foi narrando a insatisfação de perder o sábado com um almoço que poderia ter sido trocado por uma quinta-feira à noite. O narrador lamenta também que a dona da casa não se importava com o grupo heterogêneo: um sonhador outro resignado. Para justificar a longa espera pelo almoço, Clarice, continuou se utilizando da metáfora do trem: ”...Como pela hora da partida do primeiro trem, qualquer trem” ou a metáfora do cavalo: menos refrear o cavalo”. Finalmente o almoço.
Antes do almoço, a dona da casa, começou a lavar os pés dos estrangeiros. Com isso Clarice fez menção á última ceia quando Jesus lavou os pés de seus discípulos em sinal de Humildade. Já à mesa o narrador detalha a comida que estava sobre a mesma.
Começa dizendo que sobre a mesa se encontrava uma toalha branca, sobre a toalha amontoavam-se espigas de trigo. Descrita a mesa, o narrador começou a descrever todas as iguarias que estavam sobre ela além do trigo: “maçãs vermelhas, enormes cenouras, abacaxis malignos... Os tomates eram redondos para ninguém: para o ar, para redondo ar”. Nas bilhas estava o leite, o vinho quase negro de tão pesado. Tudo diante de nós.
Tudo limpo do retorcido desejo humano. Tudo como é, não como quiséramos. Não havia holocausto, tudo queria ser comido. O narrador continua descrevendo o almoço como dizendo estarem todos ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. “Comi aquela comida e não o seu nome”. Finaliza dizendo que: “Nós somos fortes e nós comemos. Pão é amor entre estranhos”.
O assunto do texto é um almoço para participantes, como Clarice esclarece: ”Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo”. Trata-se de um almoço de obrigação oferecido num sábado, dia desejado por todos, e no entanto, era obrigação permanecer no almoço.
Clarice, para reforçar o estado de espírito dos convidados, usou como metáfora o trem descarrilado que obriga a todos os passageiros permanecerem em um lugar estranho, entre estrangeiros, desconhecidos que não conhecem o prazer de cada um que ali se encontra. O narrador, um dos convidados, foi narrando a insatisfação de perder o sábado com um almoço que poderia ter sido trocado por uma quinta-feira à noite. O narrador lamenta também que a dona da casa não se importava com o grupo heterogêneo: um sonhador outro resignado. Para justificar a longa espera pelo almoço, Clarice, continuou se utilizando da metáfora do trem: ”...Como pela hora da partida do primeiro trem, qualquer trem” ou a metáfora do cavalo: menos refrear o cavalo”. Finalmente o almoço.
Antes do almoço, a dona da casa, começou a lavar os pés dos estrangeiros. Com isso Clarice fez menção á última ceia quando Jesus lavou os pés de seus discípulos em sinal de Humildade. Já à mesa o narrador detalha a comida que estava sobre a mesma.
Começa dizendo que sobre a mesa se encontrava uma toalha branca, sobre a toalha amontoavam-se espigas de trigo. Descrita a mesa, o narrador começou a descrever todas as iguarias que estavam sobre ela além do trigo: “maçãs vermelhas, enormes cenouras, abacaxis malignos... Os tomates eram redondos para ninguém: para o ar, para redondo ar”. Nas bilhas estava o leite, o vinho quase negro de tão pesado. Tudo diante de nós.
Tudo limpo do retorcido desejo humano. Tudo como é, não como quiséramos. Não havia holocausto, tudo queria ser comido. O narrador continua descrevendo o almoço como dizendo estarem todos ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. “Comi aquela comida e não o seu nome”. Finaliza dizendo que: “Nós somos fortes e nós comemos. Pão é amor entre estranhos”.
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A QUINTA HISTÓRIA
Este conto descreve com muito humor e certa dose de suspense, experiências sobre o extermínio de baratas. Relata uma história, a de como matar baratas, em cinco versões, o que leva ao questionamento sobre as muitas formas de narrar um fato, o que incluir, o que excluir, e como um mesmo fato pode originar histórias muito diferentes. Nesse conto, encontra-se a reflexão sobre o fazer literário que acompanha os contos de Clarice Lispector
Este conto descreve com muito humor e certa dose de suspense, experiências sobre o extermínio de baratas. Relata uma história, a de como matar baratas, em cinco versões, o que leva ao questionamento sobre as muitas formas de narrar um fato, o que incluir, o que excluir, e como um mesmo fato pode originar histórias muito diferentes. Nesse conto, encontra-se a reflexão sobre o fazer literário que acompanha os contos de Clarice Lispector
VIAGEM A PETRÓPOLIS
O conto narra
a absurda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma
casa para outra e que volta à vida (passeio) depois de ter sua existência
ignorada
O
corpo era pequeno, escuro, embora ela tivesse
sido
alta e clara. Tivera pai, mãe, marido, dois fi lhos.
Todos
aos poucos tinham morrido. Só ela restara
com
os olhos sujos e expectantes quase cobertos pór um tênue veludo branco. Quando
lhe davam alguma esmola
davam-lhe pouca, pois ela era pequena e
realmente não precisava comer muito. Quando lhe davam cama para dormir davam-na
estreita e dura porque
Margarida fora aos poucos perdendo volume.
Ela
também não agradecia muito: sorria e balançava
a cabeça.
O OVO E A GALINHA
No conto “O ovo e a galinha”, a percepção
imediata de uma imagem e a imagem mais as
associações mentais não se apresentam como
duas vias distintas. Uma personagem vê o ovo no momento de preparar o café da
manhã, e o texto é a construção do que ocorre, a partir deste olhar,
no espaço da cozinha e no pensamento da
personagem.
É um “verdadeiro tratado poético sobre o
olhar”, que “não se limita a comentar as vicissitudes do olho e dopensamento
diante da coisa, mas cifra na própria escolha do objeto uma espécie de
circularidadeenigmática do olhar”. Após ressaltar a simbologia da palavra ovo,
destacou que “mesmo assim,prototípico, alegórico, marca sublimada e apagada de
um real que hesita entre a consciência e o inconsciente, o eu e o Outro
"a coragem de ser como si próprio", na
medida em que é capaz de ver a insignificação do homem, enfrenta-la e
expressá-la magistralmente
na
arte.”
João Cabral de Melo
Neto
também fez um texto sobre o OVO
O ovo revela o acabamento
a toda mão que o acaricia,
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda a vida.
a toda mão que o acaricia,
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda a vida.
E que se encontra também noutras
que entretanto mão não fabrica...
que entretanto mão não fabrica...
No entretanto, o ovo, e apesar
de pura forma concluída,
não se situa no final:
está no ponto de partida.
de pura forma concluída,
não se situa no final:
está no ponto de partida.
( fragmentos da
poesia do autor citado )
UM APROFUNDAMENTO DA DISCUSSÃO SOBRE O OVO E A GALINHA
UM POUCO MAIS SOBRE ESTE CONTO
_______________________________________________________________________________
VAMOS PARA O ESTUDO DAS OUTRAS DUAS LEITURAS DA UEPA 3
PRIMEIRA MANHÃ
DALCIDIO JURANDIR
1.
A obra enquadra-se na transição entre a Segunda Geração Modernista e a terceira
geração modernista.Temos o regionalismo e a crítica social, o neorrealismo da
segunda geração com o aumento considerável do fluxo de consciência, uma das
marcas de consistência da terceira geração. Personagem no cotidiano, sem
idealizações.
2. Alfredo representa o alter-ego do autor Dalcídio Jurandir. Realidade e ficção em cada frase, pelas ruas de Belém e nas memórias do Marajó.
3. Uma Belém da periferia, Telégrafo, Pedreira, Acampamento que vai ao centro, o Liceu.
4. O personagem Alfredo vive em um mundo cercado de mulheres, porém limitadas pela pobreza, ausência, ou baixa escolaridade, mulheres em torno, ou em busca de seus homens.
5. Parece que o professor Benício ao falar que números e letras, são apenas números e letras e que a grande ciência da vida, estaria no mistério de entender as mulheres. Tenta apontar um caminho entre a vida prática, real e a vida acadêmica, distante baseada em uma cultura europeia.
2. Alfredo representa o alter-ego do autor Dalcídio Jurandir. Realidade e ficção em cada frase, pelas ruas de Belém e nas memórias do Marajó.
3. Uma Belém da periferia, Telégrafo, Pedreira, Acampamento que vai ao centro, o Liceu.
4. O personagem Alfredo vive em um mundo cercado de mulheres, porém limitadas pela pobreza, ausência, ou baixa escolaridade, mulheres em torno, ou em busca de seus homens.
5. Parece que o professor Benício ao falar que números e letras, são apenas números e letras e que a grande ciência da vida, estaria no mistério de entender as mulheres. Tenta apontar um caminho entre a vida prática, real e a vida acadêmica, distante baseada em uma cultura europeia.
Temática:
Os primeiros dias do jovem Alfredo no colegial, descobertas e frustrações em um
verdadeiro ritual de passagem do menino para o rapaz.
Espaço:
Ruas e bairros principais de Belém o Liceu e a casa da José Pio. No campo da
memória Cachoeira e Muaná no Marajó
Pontos Importantes
· A escola aparece como
um local que não fora feito para ele.Sentia-se meio intruso, o menino pobre
descedentes dos negros da areinha, da tão distante Cachoeira e tão presente
Cachoeira em seu fluxo de memória. O menino da cor da água barrenta,em contraste
com o confiante e abusado loiro do quinto ano.
· Alfredo sente-se
representante de todos os seus colegas de Cachoeira,meninas e meninos que não
teriam a chance de frequentar o ginásio.Nessa dualidade entre o orgulho de
representar os humildes amigos do seu munícipio e a hostil recepção dos alunos
ao ginasiano do primeiro ano
· Professores
autoritários ministrando um conhecimento livresco,sem qualquer ponto de contato
com esse menino amazônico. O professor de Geografia falava dos afluentes dos
rios da Europa...
· A covardia denominada
de trote,pois por falta do uniforme faltou os primeiros oito dias de aula. Foi
esculachado no pátio e correu para frente do colégio,sendo perseguido pelos
alunos” Todo o Ginásio sabendo
que um tamanho caverna do primeiro ano, o calouro da roça, covardemente fugiu
do trote devido.”
· Luciana a
desabençoada,que deu mau passo,que levou uma surra de sua mãe, a insensível
dona Jovita,que lhe deu tamanha surra e lhe deixou presa, nua em pelo, no
quarto que guardava as selas dos cavalos.
· Luciana fora salva
pelo raio,que matou dezesseis porcos e danificou sua prisão.Ela fugira.
Tornou-se a renegada,mesmo sendo a filha caçula,outrora já tinha sido a
preferida do coronel.
· A residência da José
Pio em Belém, que fora construída para a moçinha e ela nunca conheceu. Agora o
sensível e pensativo Alfredo estava no lugar da dasabençoada Luciana. Na casa
que deveria ser da estudante Luciana.Sentia-se as vezes um pouco culpado,uma
sensação de usurpar o espaço alheio.” No lugar da outra, aqui no Ginásio, isto que não, que a casa é dela”
· Primeira manhã é um
romance de pouca ação e muita digressão. O fluxo de memória é intenso,muitas
vezes parece desordenado,marcado por muitas interrogações. No entanto esse vai
e volta ao passado serve para dar consistência psicológica aos personagens.
Assim entendemos suas atitudes no presente.
· Primeira manhã foi
publicado em 1968,porém sua proposta estética,enquadra-se na Segunda Geração
Modernista. O texto desenvolve dentro de uma ótica neorealista,baseado na
análise psicológica e na crítica social. Personagens verdadeiros em sua
composição,extraídos da vida, do cotidiano da cidade,como as duas muheres
preocupadas com as traições dos maridos.
· Ivaína,Braziliana
· Assim como em Belém do
Grão Pará que o ruir da casa dos Alcântara, aponta o caminho da decadência
familiar. Agora é a falante Abigail que narra como a casa de seu avô, o rei do
bucho,o imperador das vísceras, ficou em cacos ao desabar. Em cacos também
ficou a família,cada um para o seu lado e sem o conforto e as festas do ontem.
· Alfredo descobre o
despertar da sexualidade do menino homem, com as duas mulheres que tentavam
achar os maridos que provavelmente farreavam com as “mulheres da vida”,naquela
noite.
· O jovem Alfredo sente
a mágica sedutora do colo da embotada Ivaína e os braços expostos da falante e
mais dada Abigail.Um jogo de sedução,com direito a roçada de
braço,olhares,toque nas mãos,o fechar dos colchetes do vestido de Abigail. Tudo
isso envolto no mistério da noite,locais ermos e perigosos que
passaram,frustrações com os maridos,muita imaginação do rapaz.”Duas senhoras lhe dão esta primeira vez de se
portar como cavalheiro e nelas, ao mesmo tempo assim devagarinho, ir
descobrindo, adivinhando o que ainda não via nas outras. Não, não é mais a
Libânia nem Odaléa nem Andreza. Nem Esméia, negra quanto donzela alva de
jasmins.”
· “murmurou d. Abigail cruzando os braços nus,
sem dizer mais nada. À frente de Alfredo, parou, pediu-lhe, baixo: quer me
prender esse colchete aqui nas costas, não lhe fazendo de meu criado? mas a
entender que isso era só para cochichar-lhe: Aquela lá na frente vai que vai
escumando,
· As questões de terra
tanto no Marajó como em Belém. Na capital a familia Lobo parecia ser quase dona
da cidade.No Marajó a briga entreo coronel Braulino e a família Teixeira.
· A crítica a
Justiça,que só os poderosos serve. A crítica aos advogados através do doutor
Gurgel,que a anos sangra o bolso do coronel Braulino com essa “questã” como
pronunciava o coronel sua disputa na Justiça pela demarcação de suas terras.
· A ironia da vida “o Delabençoe, que abençoava tudo quanto fosse
menino, moça e rapaz em Cachoeira, delabençoando a filha dele.”
Sincretismo religioso de
d.Abigail “E alto aos santos pedia que salvassem o marido, nem um risco as duas
corressem, abençoassem o caminho delas, em tão tamanha noite, e prometia uma
cabeça de cera no Carro dos Milagres.” “Foi então que ouviu o tambor, na
Pedreira, batiam babaçuê, d. Abigail cantarolou
VIAGEM DO ELEFANTE- SARAMAGO
Tudo começa quando o rei de Portugal dom João III,
na intimidade do seu quarto,demonstra a rainha Catarina a necessidade de
oferecer um novo presente ao primo é agora arquiduque de Espanha Maximiliano
II.
O rei envergonhou-se do presente que dera na ocasião
do casamento do primo, busca recuperar-se desse equívoco. A rainha sugere
primeiramente uma custódia,o que logo foi rechaçado,pois o primo estava mais
para a fé protestante.
O elefante
salomão foi a segunda sugestão da rainha, um paquiderme que a dois anos estava
em Lisboa,viera de Goa na Índia. Em sua chegada a capital portuguesa o elefante
fora recebido em grande estilo, da mais alta nobreza ao povo, todos visitaram o
elefante. Agora o animal estava abandonado em pequeno e fédito quadrado próximo
a torre de Belém.
O rei decide visitá-lo e conhece o indiano
maltrapilho Subhro, que tinha a função de cornaca,istoé,tratador do elefante.
O secretário Pêro de Alcáçoba Carneiro em nome do
rei envia a carta, oferecendo o novo presente ao poderoso Maximiliano. Afirma
que era o bem mais valioso do país. O arquiduque aceita o presente. Começa a
preparação da viagem. A caravana sairá de Lisboa com o destino final em Viena
na Áustria. Trinta soldados e trinta carregadores vão acompanhar o cornaca
coduzir o solimão durante dois anos( 1551-1553).
Nas primeiras horas de viagem, o comandante militar
se aborrece por peceber que o elefante tem o seu próprio ritmo.Toma banho no
rio por vontade própria,come bastante e tem reservado o sagrado horário da
sesta. Subhro comunica ao comandante a necessidade de mais uma junta de bois,
com objetivo de dar maior velocidade a caravana. O comandante consegue
requisitar os dois bois em uma aldeia, em nome do rei. Subhro narra a criação
do deus ganeixa, aquele que era barrigudo e com cara de elefante, que nascera
do sabão.
Na conversa afirma que Maria mãe de Jesus
completaria o quarteto divino e substituiria assim a santíssima trindade
católica (tom de ironia do narrador). Enquanto todos jantavam em volta da
fogueira, quatro moradores curiosos admiravam o elefante a distância.Um deles
ouviu que Deus era um elefante.No dia seguinte o padre acompanhado de toda a
cidade em procissão, seguiu para o acampamento. Com a desculpa que desejava
apenas dá a benção ao solimão para uma viagem tranquila.
Começou um inusitado ritual de exorcismo. O elefante
tocou levemente com sua pata e o padre foi jogado longe,sendo socorrido pelos
militares. O cura concluiu que a rejeição do elefante fora castigo do céu, pois
usara água de poço para o ritual de exorcismo.
Na continuação do trajeto enfrentaram uma forte
neblina.Um homem perdeu-se do grupo.Sentou-se,dormiu e acordou com o primeiro
barrito do elefante, no segundo grito ganhou direção no nevoeiro e no fraco e
terceiro barrito encontrou o acampamento.Acreditava que fora salvo pelo
elefante. Ajoelhado agradecia ao paquiderme. O cornaca discordou do milagre do
elefante e esvaziou a narrativa do tal homem,tanto que o sujeito voltou ao seu
anonimato,fez simple plof! Desapareceu da narrativa como uma bola de
sabão.(Lembrou do deus ganeixa,aquele que fora criado na hora do banho).
O narrador critica o lirismo saudosista português,
seria apenas invenção de alguns bons escritores da terra e não a natureza do
povo português.Ironiza a paixão do comandante pelas novelas de
cavalaria,citando o exemplar pirata de Amadis de Gaules, que o capitão possuia.
Maximiliano pergunta em carta, em qual ponto da
fronteira os portugueses entrariam na Espanha. O secretário Pêro de Alcáçoba
Carneiro não gostou do termo do seu colega espanhol “receber”, pois deveria ter
usado o vocábulo “acolher”. O secretário informou que seria pela fronteira de
Castelo Rodrigo,última cidade portuguesa no trajeto.O secretario mandou o
comandante preparar-se para tudo. O comandante preparou a tropa para até um
possível conflito.O alcaíde que seria o mandatário da cidade portuguesa,serviu
como diplomata entre os quarenta escudeiros austríacos,em suas armaduras de aço
escovado e o seu comandante montado em uma imponente égua e os portugueses.
Diante de um iminente conflito, no final tudo acabou bem.
Todos os portugueses e austríacos seguiram em solo
espanhol até Valladolid,cidade em que o arquiduque Maximiliano e sua esposa
Maria os aguardavam.
Temos a despedida ainda em Castelo Rodrigo dos
carregadores, que voltariam pelo litoral no caminho até Lisboa.
Subhro estava preocupado pois poderia existir outro
cornaca em Valladolid, ficaria desempregado. A cidade de Valladolid festeja a
presença de solimão e do arquiduque. Maximiliano resolve trocar o nome de
Subhro para Frtiz e de salomão para solimão.
A despedida dos soldados portugueses, salomão toca
com a tromba na divisa do capitão,emocionou os soldados. Três dias depois
partiram com Maximiliano no comando.Logo o arquiduque exigiu que a sesta de
solimão limitaria-se apenas uma hora. No dia seguinte percebeu que a ordem não
surtira efeito e por isso retirou a ordem,pois solimão não seguia a lógica
humana.
Chegaram a Mar de Rosas,após setecentos quilômetros
percorridos, cidade espanhola marítima,fronteira com a França. Embarcaram para
Gênova.Três dias e três noites de temporal.Solimão recebeu parte da chuva,
enquanto os príncipes treinavam para o terceiro filho.No desembarque o elefante
e Fritz brilharam e depois da euforia do elefante foi a vez do arquiduque
receber os aplausos.
Enquanto Maximiliano e Maria seguiram para Veneza, o
elefante e o cornaca ficaram em Pádua. Um padre pediu em nome da Igreja um
milagre, bastaria o elefante ajoelhar perante a basílica de santo Antônio de
Pádua. As ideias de Lutero estavam incomodando bastante.Era preciso reagir.
Fritz treinou alguma horas e ao meio dia,perante uma pequena multidão,sobre o
comando de um camuflado toque na orelha direita de solimão, o público aplaudiu
entusiasmado, o elefante dobrou os joelhos diante da basílica. O milagre foi
comunicado a Trento,local de origem da contrarreforma.Fritz passou a vender
pelos do elefante.
Maximiliano retorna rápido de Veneza e descobre como
tudo aconteceu. Pediu silêncio ao Fritz, pois envolvimento com os segredos da
Igreja era algo perigoso.Era melhor a neutralidade,fingir que nada sabia do
falso milagre.Esforçava-se para ter equilíbrio entre o valores de Lutero e os
valores do concílio de Trento. O secretário do arquiduque o comunicou que Fritz
continuava vendendo pelos sagrados.O arquiduque ordenou a imediata proibição da
venda do produto santo.Na despedida da cidade de Pádua foi organizada uma festa
noturna e um elefante de madeira foi construído em homenagem ao
Maximiliano,assim narrou o secretário ao arquiduque.
Pela manhã todos seguiram o caminho tomado pela
neve.Maximiliano disparou na dianteira, ,deixando todos para trás, quando de
repente o eixo do carro do arquiduque quebrou. O conserto da carruagem levou
tempo suficiente para agregar a todos novamente na comitiva .Maximiliano fora
incoerente,pois assinalara para o grupo que todos seguiriam juntos, sem
dispersão.Na prática não foi isso que fizera.Na primeira noite pediram abrigo
nas residências da cidade de Bolsano. Solimão ficou embaixo do alpendre,as
laterais eram abertas.Fritz contara muitas histórias para os três garotos da
residência que o abrigara.Pela manhã o sargento o comunicou que descansariam
quinze dias em Bressanone, ou Bixen.O arquiduque não desejava proximidade com
Fritz. Fritz imaginou um acidente com a arquiduque Maria.Aos seus comandos o
elefante a tiraria do barranco. Maximiliano o agradeceria em espanhol.Tudo
fantasia de sua mente culpada pela venda dos pelos de solimão.Enfrentaram o
perigoso passo do Isarco,ao ultrapassar a estreita vereda, solimão dobrou as
patas e caiu, por sorte Fritz não se machucou. Para comemorar Fritz bebeu uma
dose de aguardente com o boeiro.Durante os quinze dias solimão engordou.O
narrador afirmou que não tinha conhecimento bastante para descrever a passagem
pelo passo do Brenner,que seria muito mais perigoso que o passo do Isarco.Todos
passaram bem e não existiu dispersão. A próxima parada foi na cidade de
Innsbruck, na margem do rio Inn. Resolveram seguir embarcados,já no rio Danúbio
poderiam seguir até Viena.No entanto desceram próximo a capital. O arquiduque
anteriormente já tinha dado ordens para o secretário providenciar uma grande
recepção em Viena.No caminho para Viena os camponeses e as camponesas
demonstravam suas danças, o que entreteu a emocional Maria e não emocionou o
arquiduque que apenas fingia simpatia pelas apresentações. Na entrada de Viena,
o povo na rua, espera o seu arquiduque após três anos ausente. Solimão caminha
sem pressa, quando de repente uma garotinha de cinco anos correu na direção da
pata do elefante.O grito de horror saiu da boca da multidão.O regresso do
Maximiliano seria marcada pelo luto, pela lembrança da tragédia. Solimão com
sua providencial tromba a enroscou no corpo da criança e salva no ar como uma nova
bandeira. Os pais correram para agradecerem ao elefante. Muitos falaram que
fora um milagre, mesmo sem conhecer o milagre anterior, aquele da basílica de
Pádua. Maximiliano perdoa Fritz e o agradece pela atitude de solimão.Dois anos
depois solimão morreu,em 1553, de causa desconhecida.Suas patas dianteiras
serviram de porta guarda-chuva. Fritz foi indenizado e comprou uma mula e um
burro e desejava voltar a Portugal,porém desapareceu,mudou de ideia, ou morreu?
Ninguém teve notícias.Algumas semanas depois uma carta chegou a Lisboa. O Pêro
de Alcáçoba Carneiro leu a carta ao rei. A rainha pressentindo a notícia não
quis ouvi-lá e correu para o quarto.
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Estranho
Não entenderás o meu dialeto
nem compreenderás os meus costumes.
Mas ouvirei sempre as tuas canções
e todas as noites procurarás meu corpo.
Terei as carícias dos teus seios brancos.
Iremos amiúde ver o mar.
Muito te beijarei
e não me amarás como estrangeiro.
(“O Estranho”, p. 347)
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Da ponta do arame
a frase
sem (o) equilíbrio
escapa
Nos versos acima podemos notar como o poeta vale-se da fragmentação de alguns versos para reforçar o significado do poema: a “frase” que “escapa” do poema pode ser percebida não apenas auditivamente. Dessa forma, a metáfora do fazer poético, da busca pela palavra que “foge” do poema, ganha em expressividade por meio de um recurso visual, isto é, da disposição das palavras na página. Temos ainda, nesses versos, a utilização do parêntesis, que aqui também servirá como um recurso visual, pois uma das leituras possíveis para este “(o)” seria a de que ele representa um centro, ou seja, um ponto de equilíbrio, ou, em outra leitura, um ponto essencial.
Em “Copacabana”, por exemplo, há uma espécie de alternância entre palavras sugestivas de mar com palavras sugestivas de sexo, como nos versos: “no verde-mar-azul/ Os sexos derramam-se na areia”. Este jogo com as a palavras se repetirá durante todo o poema, o que acaba por gerar uma movimentação semelhante ao “vai-e-vem” das ondas do mar. Movimentação que ganha mais força ainda por conta do aspecto visual do texto, no qual algumas palavras postas um pouco mais próximas da margem direita da página, além da variação entre versos curtos e longos, fazem com que o poema também tenha visualmente semelhança com as ondas mar. Vale dizer, por fim, que as palavras “soltas”, em “Copacabana”, não só servem a um fim visual, pois exercessem também uma forte influência rítmica dentro do texto, forçando algumas pausas no fluxo da leitura. Segue abaixo o poema:
Copacabana
Preamar de coxas
sugestão de pelos
úmidos
no verde-mar-azul
Os sexos derramam-se na areia
(conchas)
furam as ondas
(seios)
baixam palpitam
As coxas abertas frescas
Dentro o mar lhes canta
Planta
a branca espuma do amor
e esfria.
(Max Martins, Anti-Retrato)
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créditos do material
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Material Produzido por
Janaína Torres Moraes
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MAX MARTINS
MAX MARTINS
O Estranho
O Estranho foi o primeiro livro publicado por Max Martins. 1952
O Estranho foi o primeiro livro publicado por Max Martins. 1952
Características
como
Ø a espacialização do poema,
Ø a fragmentação de versos e de vocábulos,
Ø as metáforas
erotizadas
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Estranho
Não entenderás o meu dialeto
nem compreenderás os meus costumes.
Mas ouvirei sempre as tuas canções
e todas as noites procurarás meu corpo.
Terei as carícias dos teus seios brancos.
Iremos amiúde ver o mar.
Muito te beijarei
e não me amarás como estrangeiro.
(“O Estranho”, p. 347)
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Logo neste primeiro
poema, Max “anuncia” seu livro; anuncia a singularidade de sua poesia, seu
dialeto. E também o mundo criado com ela, no qual criação, natureza e sensualidade formam um único corpo e onde o
poeta não é “estrangeiro”.
(...)cremos que é aqui, em O Estranho, que
se encontram as “sementes para essa grande arvore de frutos proibidos” que é
sua obra completa. É importante deixar claro, ainda, que não só no poema citado
encontramos esses traços do que acreditamos fazer parte do estilo de Max
Martins, pois em poemas como “O filho”, “Por quê?” e “As anônimas” é
perceptível a utilização do que chamamos de imagens erotizadas, tais como nos
versos: “Hoje a vida pousa nos teus seios/ onde bebo vinho.” e “Por
que minhas olheiras refletem mulheres nuas?”, retirados
respectivamente dos poemas “O filho” e “Por quê?”.
Como outros pontos comuns entre esse primeiro livro e os posteriores da obra de Max Martins, podemos citar a fragmentação do poema, e este é, sem duvida, um traço estilístico que merece destaque por qualquer pessoa que busca estudar a obra deste poeta, isto porque, é um traço que autor desenvolverá de forma a chegar as raias do extremo: começando com fragmentação do poema, passando pela fragmentação do verso e culminando na fragmentação de vocábulos, valendo lembrar que uma não anula a outra, ao contrário, elas se reforçam e se misturam com freqüência criando verdadeiros “poemas-fragmentos” com um alto grau de obscuridade temática.
Um outro ponto de semelhança estético-estilística entre o primeiro livro de Max Martins e o restante de sua obra, gostaríamos de apontar um recurso que o poeta utiliza com muita maestria e que pode ser observado nos últimos versos de “Poema”.
Rola o poema e o mundo
E eu mudo.
(“Poema”, p. 363)
Nestes versos o poeta reforça a polissemia da palavra “mudo” colocando-a num contexto sintático que impossibilita o leitor de escolher um dos possíveis significados, pois todos parecem coerentes. Com isso, ele consegue carregar a palavra com vários sentidos diferentes, porém indissociáveis.
Como outros pontos comuns entre esse primeiro livro e os posteriores da obra de Max Martins, podemos citar a fragmentação do poema, e este é, sem duvida, um traço estilístico que merece destaque por qualquer pessoa que busca estudar a obra deste poeta, isto porque, é um traço que autor desenvolverá de forma a chegar as raias do extremo: começando com fragmentação do poema, passando pela fragmentação do verso e culminando na fragmentação de vocábulos, valendo lembrar que uma não anula a outra, ao contrário, elas se reforçam e se misturam com freqüência criando verdadeiros “poemas-fragmentos” com um alto grau de obscuridade temática.
Um outro ponto de semelhança estético-estilística entre o primeiro livro de Max Martins e o restante de sua obra, gostaríamos de apontar um recurso que o poeta utiliza com muita maestria e que pode ser observado nos últimos versos de “Poema”.
Rola o poema e o mundo
E eu mudo.
(“Poema”, p. 363)
Nestes versos o poeta reforça a polissemia da palavra “mudo” colocando-a num contexto sintático que impossibilita o leitor de escolher um dos possíveis significados, pois todos parecem coerentes. Com isso, ele consegue carregar a palavra com vários sentidos diferentes, porém indissociáveis.
Outro Livro do Poeta
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Anti-Retrato
1960.
Anti-Retrato é um livro cuja essência temática está concentrada no fazer poético, impossível não notar o teor metapoético do livro como um todo.
Os três primeiros poemas do livro, “O Estranho”, “O aprendiz” e “Max, magro poeta”, são interessantes para se falar dessa questão da metapoesia, visto que todos invocam a transpiração que excede a inspiração em meio à crise do fazer poético ou do fazer-se poeta.
O branco da página deve ser lido, mas não só ele, também os parêntesis e os hífens são novos aliados do poeta nesta busca incansável por carregar o seu poema, cada vez mais, com inúmeros significados, inúmeras possibilidades de leitura.
Anti-Retrato
1960.
Anti-Retrato é um livro cuja essência temática está concentrada no fazer poético, impossível não notar o teor metapoético do livro como um todo.
Os três primeiros poemas do livro, “O Estranho”, “O aprendiz” e “Max, magro poeta”, são interessantes para se falar dessa questão da metapoesia, visto que todos invocam a transpiração que excede a inspiração em meio à crise do fazer poético ou do fazer-se poeta.
O branco da página deve ser lido, mas não só ele, também os parêntesis e os hífens são novos aliados do poeta nesta busca incansável por carregar o seu poema, cada vez mais, com inúmeros significados, inúmeras possibilidades de leitura.
Da ponta do arame
a frase
sem (o) equilíbrio
escapa
Nos versos acima podemos notar como o poeta vale-se da fragmentação de alguns versos para reforçar o significado do poema: a “frase” que “escapa” do poema pode ser percebida não apenas auditivamente. Dessa forma, a metáfora do fazer poético, da busca pela palavra que “foge” do poema, ganha em expressividade por meio de um recurso visual, isto é, da disposição das palavras na página. Temos ainda, nesses versos, a utilização do parêntesis, que aqui também servirá como um recurso visual, pois uma das leituras possíveis para este “(o)” seria a de que ele representa um centro, ou seja, um ponto de equilíbrio, ou, em outra leitura, um ponto essencial.
Em “Copacabana”, por exemplo, há uma espécie de alternância entre palavras sugestivas de mar com palavras sugestivas de sexo, como nos versos: “no verde-mar-azul/ Os sexos derramam-se na areia”. Este jogo com as a palavras se repetirá durante todo o poema, o que acaba por gerar uma movimentação semelhante ao “vai-e-vem” das ondas do mar. Movimentação que ganha mais força ainda por conta do aspecto visual do texto, no qual algumas palavras postas um pouco mais próximas da margem direita da página, além da variação entre versos curtos e longos, fazem com que o poema também tenha visualmente semelhança com as ondas mar. Vale dizer, por fim, que as palavras “soltas”, em “Copacabana”, não só servem a um fim visual, pois exercessem também uma forte influência rítmica dentro do texto, forçando algumas pausas no fluxo da leitura. Segue abaixo o poema:
Copacabana
Preamar de coxas
sugestão de pelos
úmidos
no verde-mar-azul
Os sexos derramam-se na areia
(conchas)
furam as ondas
(seios)
baixam palpitam
As coxas abertas frescas
Dentro o mar lhes canta
Planta
a branca espuma do amor
e esfria.
(Max Martins, Anti-Retrato)
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Mais um livro do
Poeta
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H’Era
H’Era (1971)
Nesta obra, mais uma vez, Max aprimora o jogo com palavras, buscando sempre novas maneiras de se expressar poeticamente e provando o quão inquietante deve ser o trabalho do poeta que possui um olhar crítico sobre a sua produção. Muito influenciado no período pelos simbolistas franceses, sobretudo Mallarmé, e também pelo “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa, o autor explora o poema em si como uma parte delicadamente usurpada do destino, uma travessia complexa do poeta em seu lance de dados que pode ou não dar aspecto à poesia.
“Talvez Canção” é um bom exemplo do que foi exposto no parágrafo anterior, isto pois, esse poema é construído, basicamente, em cima de cacofonia e polissemia, muitas vezes uma dependendo da outra para existir. Logo no primeiro verso “Verão em maio.”, o poeta, por meio da ambigüidade da palavra “Verão”, coloca-nos diante de uma encruzilhada, na qual um caminho é marcado pela leitura da palavra como verbo e o outro pela leitura dessa como substantivo. Esta não é a única “encruzilhada” que encontraremos dentro do poema, uma vez que ele está carregado de versos cacófanos, como “o dia-amante”, “em verde sido”, “Ver-te manhã: / tal vês o ver”, que não só marcam uma fusão sonora das palavras, mas também provocam a criação de novos significados, novas metáforas.
Talvez Canção
Verão em maio.
Flores abrir
verão teus olhos,
o vero sol
à sombra juventude
de teus cílios
Na segunda e terceira estrofe a composição poética nos sugere elementos: positivo (disfórico) negativo (eufórico), tendo a “noite” simbolizando a velhice; “dia-amante” representando dia, brilho (a força do amor), ou seja, alguém viu a noite, viu o orvalho. O verde já passou, não é mais verão. “ver-te manhã” é inútil e vê-la na juventude.
Á noite viste
do orvalho vir
o dia-amante
ver o teu sono
em verde sido.
Ver-te manhã:
tal vês o ver
de que te vejo não é mais verão, o verde já passou
em vão.
H’Era
H’Era (1971)
Nesta obra, mais uma vez, Max aprimora o jogo com palavras, buscando sempre novas maneiras de se expressar poeticamente e provando o quão inquietante deve ser o trabalho do poeta que possui um olhar crítico sobre a sua produção. Muito influenciado no período pelos simbolistas franceses, sobretudo Mallarmé, e também pelo “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa, o autor explora o poema em si como uma parte delicadamente usurpada do destino, uma travessia complexa do poeta em seu lance de dados que pode ou não dar aspecto à poesia.
“Talvez Canção” é um bom exemplo do que foi exposto no parágrafo anterior, isto pois, esse poema é construído, basicamente, em cima de cacofonia e polissemia, muitas vezes uma dependendo da outra para existir. Logo no primeiro verso “Verão em maio.”, o poeta, por meio da ambigüidade da palavra “Verão”, coloca-nos diante de uma encruzilhada, na qual um caminho é marcado pela leitura da palavra como verbo e o outro pela leitura dessa como substantivo. Esta não é a única “encruzilhada” que encontraremos dentro do poema, uma vez que ele está carregado de versos cacófanos, como “o dia-amante”, “em verde sido”, “Ver-te manhã: / tal vês o ver”, que não só marcam uma fusão sonora das palavras, mas também provocam a criação de novos significados, novas metáforas.
Talvez Canção
Verão em maio.
Flores abrir
verão teus olhos,
o vero sol
à sombra juventude
de teus cílios
Na segunda e terceira estrofe a composição poética nos sugere elementos: positivo (disfórico) negativo (eufórico), tendo a “noite” simbolizando a velhice; “dia-amante” representando dia, brilho (a força do amor), ou seja, alguém viu a noite, viu o orvalho. O verde já passou, não é mais verão. “ver-te manhã” é inútil e vê-la na juventude.
Á noite viste
do orvalho vir
o dia-amante
ver o teu sono
em verde sido.
Ver-te manhã:
tal vês o ver
de que te vejo não é mais verão, o verde já passou
em vão.
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“Ver-O-Peso”, provavelmente um dos mais
conhecidos poemas de Max Martins, principalmente por abordar um tema social por
meio de um forte símbolo regional, o mercado cartão postal de Belém de mesmo
nome. No entanto, não por este motivo o ressaltamos aqui, visto que tal fato em
pouco, ou em nada, corrobora para que uma obra ganhe status de boa ou má arte.
“Ver-O-Peso” é um bom poema, não necessariamente figura entre os melhores do autor, mas ainda assim está muito acima da média que separa um poeta de um mero fazedor de versos. Nele chama-nos atenção a maneira como o poeta trata a movimentação das figuras do poema, “o homem”, “o peixe” e “a fome”, estes três signos parecem percorrer o texto todo, contudo, em outra leitura, podemos vê-los como signos estáticos, desta forma, diríamos que todas as outras figuras do texto é que se movem, enquanto as três figuras “principais” são apenas agentes passivos: “A canoa traz o homem”, “a balança pesa o peixe”, “a balança pesa a fome”. Os versos curtíssimos, muitos com duas ou três sílabas, “a fome/ vem de longe/ nas canoas/ ver o peso”, “ver o peixe/ ver o homem/ vera morte”, também contribuem para a movimentação dentro do poema, pois ditam um ritmo acelerado, bem condizente com um mercado de peixe em pleno funcionamento.
Ver-O-Peso
A canoa traz o homem
a canoa traz o peixe
a canoa tem um nome
no mercado deixa o peixe
no mercado encontra a fome
a balança pesa o peixe
a balança pesa o homem
a balança pesa a fome
a balança vende o homem
vende o peixe
vende a fome
vende e come
a fome vem de longe
nas canoas
ver o peso
come o peixe
o peixe come
o homem?
vende o nome
vende o peso
peso de ferro
homem de barro
pese o peixe
pese o homem
o peixe é preso
o homem está preso
presa da fome
ver o peixe
ver o homem
vera morte
vero peso.
“Ver-O-Peso” é um bom poema, não necessariamente figura entre os melhores do autor, mas ainda assim está muito acima da média que separa um poeta de um mero fazedor de versos. Nele chama-nos atenção a maneira como o poeta trata a movimentação das figuras do poema, “o homem”, “o peixe” e “a fome”, estes três signos parecem percorrer o texto todo, contudo, em outra leitura, podemos vê-los como signos estáticos, desta forma, diríamos que todas as outras figuras do texto é que se movem, enquanto as três figuras “principais” são apenas agentes passivos: “A canoa traz o homem”, “a balança pesa o peixe”, “a balança pesa a fome”. Os versos curtíssimos, muitos com duas ou três sílabas, “a fome/ vem de longe/ nas canoas/ ver o peso”, “ver o peixe/ ver o homem/ vera morte”, também contribuem para a movimentação dentro do poema, pois ditam um ritmo acelerado, bem condizente com um mercado de peixe em pleno funcionamento.
Ver-O-Peso
A canoa traz o homem
a canoa traz o peixe
a canoa tem um nome
no mercado deixa o peixe
no mercado encontra a fome
a balança pesa o peixe
a balança pesa o homem
a balança pesa a fome
a balança vende o homem
vende o peixe
vende a fome
vende e come
a fome vem de longe
nas canoas
ver o peso
come o peixe
o peixe come
o homem?
vende o nome
vende o peso
peso de ferro
homem de barro
pese o peixe
pese o homem
o peixe é preso
o homem está preso
presa da fome
ver o peixe
ver o homem
vera morte
vero peso.
COPULÊTERA
POEMA VISUAL
créditos do material
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Material Produzido por
Janaína Torres Moraes
Pedro Silva do Nascimento (UEPA)
Thiago de Melo Barbosa (UEPA)
e reorganizado e ampliado de acordo com os objetivos do estudo do vestibular por
Thiago de Melo Barbosa (UEPA)
e reorganizado e ampliado de acordo com os objetivos do estudo do vestibular por
Prof. Gil Mattos
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