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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CONFISSÃO - MIGUEL TORGA - UEPA III FASE

CONFISSÃO - MIGUEL TORGA

Comentário do Prof. Gil

A temática gira em torno das injustiças , pré-julgamentos , e covardias nas atitudes das pessoas, e as conseqüências imediatas que destruíram a vida do personagem que foi preso injustamente ,e depois fugiu , mas que quando retorna a cidade natal quase 50 anos depois , tem um momento de poder vingar a injustiça diante do defunto que desvirtuou sua pacata vida


Mas perceba o conceito de justiça neste texto.
Será que os homens são sempre coerentes em seus julgamentos?
Apenas o Padre Artur acreditou numa inocência de Bernardo diante dos fatos contundentes que apontavam ele como assassino.

Um outro aspecto é a confissão de Reinaldo , após 50 anos. Leve em conta que não é um ato de bondade ou tão pouco uma forma de se redimir, pois ele só pensa em si na hora de se confessar pois está no leito da morte.

As bofetadas dadas por Bernardo ,claro que podem representar a idéia de uma vingança , movido este pela emoção > Mas nada , absolutamente nada pode recompor o que foi perdido em sua vida depois da acusação e os 50 anos com este fardo pesado e injusto nas costas.
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FRAGMENTOS DO TEXTO PARA LEITURA

Entrou calmamente e tentou provar mais uma vez a sua inocência. Brigara,realmente, na noite de Reis com o Armindo, de quem, como toda a gente podia testemunhar, era amigo. Andavam na paródia, beberam muitos quartilhos e, às tantas, por dez réis de coisa nenhuma, pegaram-se. Dera, levara, mas em luta aberta e leal. No fim da zaragata, bem apalpados ambos, seguira cada qual o seu caminho e do fundo da rua é que ouvira gritar aqui del-rei.


- Confessa. Confessa, que é melhor...
- Já lhe disse que não fui eu!
- Queres provar da marmelada, está visto. Pois seja feita a tua vontade.
Olhou fixamente o fatinário antes do primeiro golpe. Sabia que as aparências o comprometiam e que caíra nas mãos do Diabo.Todos,aberta ou encobertamente, o consideravam o autor do crime. A própria vítima o apontara à justiça.
- Ah! Bernardo, que me mataste! - gemera o Armindo, ao sentir-se trespassado pelas costas.
Voltava agora, decorrido meio século, velho, pobre, amargurado, com toda uma existência de exilado atrás de si e dorido ainda dos golpes injustos que recebera. A que vinha? Rever a terra da criação, rezar duas avé-marias na sepultura dos pais e calar uma ânsia obscura de resgate que os anos tornavam cada vez mais premente.
Não anunciara a chegada nem mesmo à única irmã que lhe restava. Vinha como um fantasma sorrateiro apropriar-se da realidade de que fora espoliado.
- Oh! Bernardo! - gritou-lhe uma voz cavernosa atrás das costas.
Voltou-se. Era o padre Artur, seu companheiro de meninice, ainda seminarista na altura do crime. Sempre a pastorear freguesias longínquas, fora finalmente encarregado do rebanho nativo.
- Oh! Artur! - correspondeu num alvoroço, esquecido de distâncias e conveniências.
Caíram nos braços um do outro, num irresistível impulso fraterno.
- Ainda bem que voltaste! Ia-te escrever hoje. Até pedi a direcção a tua irmã. Tinhaslhe dito que vinhas?
- Não valia a pena...
- Então vai ter com ela e amanhã falamos. É que o Reinaldo morreu esta manhã. Ouvi-o ontem de confissão... Eu sempre acreditei na tua inocência, rapaz! Melancolicamente, pegou na mala e deu alguns passos em direcção à casa paterna.Mas logo adiante parou, depus o carrego e mudou de rumo. No cimo da rua principal desandou à esquerda, atravessou vários quinteiros, subiu as escadas do Reinaldo e entrou. O ambiente era lúgubre. Havia lágrimas e luto em todos os olhos. Rompeu por entre a multidão que se acotovelava, sem ninguém o reconhecer.

- Quem é? - perguntavam. - Não sei.

O cadáver jazia ainda sobre a cama, já vestido, à espera do caixão. A passos lentos aproximou-se e fitou durante alguns momentos afigura hirta e mirrada do defunto. De repente, num ímpeto, deitou-lhe as mãos às abas do casaco, ergueu-o e rouquejou, fora de si:

- Estás morto, é o que te vale. Mas mesmo assim não vais deste mundo sem duas bofetadas na cara, covarde! E deu-lhas

3 comentários:

  1. Fernanda Rodrigues Sousa10 de dezembro de 2010 às 23:13

    Otimo resumo, nunca tinha lido este conto, mas agora pudi saber um pouco e ate gostei ^^..Obrigada

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  2. mui bom cara. gostei. tu é louco. Um bom resumo.
    Se Deus quizer, se uma questão de "Confissao", vou acertar

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